Estadão

Ibovespa sobe 0,04% e engata 9ª semana de alta, maior sequência desde 2013

A aversão global ao risco derrubou as ações de empresas exportadoras de commodities, mas não foi suficiente para impedir o Ibovespa de encerrar o dia em alta de 0,04%, aos 118.977,10 pontos. Assim, o índice conseguiu sustentar um ganho de 0,18% na comparação com a última sexta-feira, 16, e alcançou a nona semana consecutiva de valorização, na maior sequência desde as dez altas encerradas em agosto de 2016.

Os ganhos dos setores elétrico (+3,0%), imobiliário (+2,72%) e de consumo (+0,74%) puxaram a Bolsa brasileira nesta sexta-feira, 23, beneficiados pelo noticiário corporativo e pela queda firme dos juros futuros. Em contrapartida, as baixas de Petrobras (-4,10% PN, -3,39% ON) e Vale ON (-1,01%) limitaram o desempenho e chegaram a manter o índice no negativo durante a maior parte da sessão.

Profissionais do mercado atribuem as quedas de Petrobras e Vale à piora da expectativa para o desempenho da economia global e, portanto, da demanda por commodities. Esse ambiente de cautela se instalou após dados de atividade mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos, Europa e Japão, que reforçaram temores de recessão um dia após os bancos centrais do Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça terem elevado juros.

Os contratos futuros do petróleo tiveram quedas de 0,50% (WTI) a 0,46% (Brent), em um dia já marcado por uma baixa de 2,34% dos preços do minério de ferro na Bolsa de Cingapura. Em meio à aversão ao risco, os índices acionários de Nova York fecharam em queda generalizada – Nasdaq (-1,01%), S&P 500 (-0,77%) e Dow Jones (-0,65%) – e emitiram sinal negativo para o País.

Mesmo assim, 57 dos 86 papéis listados no Ibovespa conseguiram sustentar alta no dia, contra apenas 27 em queda. Ao final do dia, todos os principais índices setoriais da B3 mostravam ganhos, incluindo o Imat, de materiais básicos, que ganhou 0,07% apesar das perdas observadas na Vale.

"De maneira geral, o dia foi de recuperação para as ações, e quem segurou o Ibovespa foram Vale e Petrobras, que caíram por causa da piora no tom internacional", diz o analista da Empiricus Research Matheus Spiess. "Ontem tivemos uma correção pautada em fatores macro e em um ambiente internacional que não tem ajudado, mas, hoje, voltamos à tendência natural, especialmente pela queda dos juros."

Na véspera, o Ibovespa havia cedido 1,23% – com perdas em 76 dos 86 papéis -, seguindo dúvidas sobre o aperto monetário global e sobre o ritmo do afrouxamento no Brasil, após um comunicado mais hawkish do que o esperado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para Spiess, os papéis que mais perderam na sessão anterior foram beneficiados pelo recuo dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) nesta sexta-feira.

As maiores altas do Ibovespa foram registradas em IRB Brasil ON (+7,29%), Assaí ON (+7,04%), SLC Agrícola ON (+6,51%), CPFL Energia ON (+6,24%) e Energisa Unit (+5,99%), com os papéis do setor elétrico beneficiados pela notícia de que o Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para discutir com agentes do setor elétrico a renovação de concessões a vencer de distribuidoras.

Na ponta negativa do Ibovespa, os destaques negativos foram Yduqs ON (-7,99%), Via ON (-4,42%) e Minerva ON (-4,41%), além dos papéis preferenciais e ordinários da Petrobras. Para analistas, há incerteza sobre o desempenho das commodities na segunda-feira, quando os mercados chineses voltam a abrir após um feriado.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre a mínima de 118.178,09 pontos (-0,64%) e a máxima de 119.386,09 pontos (+0,38%), em uma sessão que movimentou R$ 26,3 bilhões. O índice acumula ganho de 9,82% no mês e de 8,42% no ano.

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