Estadão

Ibovespa sobe 1,39% no dia, a 108,4 mil pontos, e avança 1,46% na semana

Em semana ruim para os índices de Nova York, que acumularam perdas de 2,90% (Dow Jones) a 3,82% (Nasdaq) no intervalo, o Ibovespa conseguiu se desconectar da correção vista por lá e sustentou a segunda semana de recuperação, em alta de 1,46% no período, vindo de ganho de 1,70% na anterior. Nesta sexta-feira, avançou 1,39%, a 108.487,88 pontos, entre mínima de 107.056,05, da abertura, e máxima de 108.794,63 pontos, com giro a R$ 31,1 bilhões em sessão de vencimento de opções sobre ações. Foi também o segundo dia de recuperação para o Ibovespa, após ganho de 0,71% da quinta-feira e queda de 2,34% na quarta-feira. No mês, volta a subir (+0,57%) e, no ano, avança 3,50%.

Em Nova York, ainda predominam os receios quanto ao comportamento da inflação nos Estados Unidos e o grau de atuação do Federal Reserve para impedir que os preços fujam ao controle. Assim, tanto o S&P 500, durante a sessão mas não no fechamento, quanto o Nasdaq, que já estava na condição, tocam o bear market , definido como uma queda de ao menos 20% em relação ao pico mais recente – no caso do índice amplo, referente a 4 de janeiro. Nesta sexta, Dow Jones e S&P 500 tiveram leve reação perto do fim da sessão (+0,03% e +0,01%, respectivamente), enquanto o Nasdaq fechou em baixa de 0,30% nesta sexta-feira.

"No início do ano, ninguém pensava que o S&P 500 estava indo para o território do bear market , mas a inflação persistente, outro erro de política do Fed e os temores de recessão deixaram os investidores nervosos", observa em nota Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York. Segundo ele, a cautela entre os investidores tende a permanecer, e as vendas de ações a se acentuar, até que o Fed comece a mostrar sinais de que está preocupado com as condições financeiras e que pode parar de apertar (a política monetária) de forma tão "agressiva".

Ainda assim, a B3 conseguiu se manter a alguma distância da aversão a risco nas últimas duas sessões. "Ontem o Ibovespa já havia conseguido se descolar, com avanço das commodities, o que ajuda Brasil. As notícias que chegam da China são de redução de lockdown, das restrições, com portos sendo reabertos e o de Xangai praticamente funcionando a plena carga, o que já havia ajudado ontem Petrobras, Vale e siderúrgicas na Bolsa", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Nesta sexta, Petrobras (PN +1,93%, na máxima do dia no fechamento; ON +1,40%), Vale (ON +1,77%) e siderurgia (CSN ON +4,97%) contaram também com a retomada vista em bancos (BB ON +3,64%, Bradesco ON +1,94%) para empurrar o índice.

"Entre os bancos, destaque para o Banco do Brasil, que em um dia de alta expressiva renovou a máxima do ano e fechou a semana (+5,38%) com valorização superior a 11% (no mês). Os números robustos apresentados na última semana foram bem recebidos pelo mercado, aumentando a demanda pelos papéis" da instituição, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Contribuindo para o avanço do Ibovespa na sessão, o câmbio deu prosseguimento ao ajuste do dia anterior, que colocou o dólar spot a R$ 4,8740 (-0,87%) no fechamento da sessão e a R$ 4,8540 na mínima do dia, em que surfou a onda de apreciação das moedas de emergentes, em especial as dos exportadores de commodities, após o corte de juros promovido pelo BC da China. O dia foi moderadamente positivo para o petróleo, com o Brent negociado na casa de US$ 112 por barril.

A China manteve a taxa de empréstimo de um ano em 3,7%, mas reduziu a taxa básica de empréstimo de cinco anos (LPR) em 15 pontos-base, o segundo corte deste ano, aponta em nota a Nova Futura Investimentos. "Apesar de ser algo esperado, ajudou a criar perspectivas positivas quanto a medidas expansionistas por parte da autoridade monetária chinesa", acrescenta a casa, destacando também a alta do minério de ferro em Dalian (+5,31%), a US$ 126,21 por tonelada.

A ponta do Ibovespa nesta sexta-feira ficou com IRB (+6,56%), Ecorodovias (+5,48%) e Hypera (+4,98%) – com CSN ON (+4,97%) e CSN Mineração (+3,60%) também entre as maiores altas pelo segundo dia, ainda beneficiadas pelo anúncio sobre recompra de ações. No lado oposto, Méliuz (-5,34%), Petz (-5,17%) e Banco Pan (-3,64%).

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