A bolsa brasileira ensaiou uma recuperação no início do pregão desta segunda-feira, 21, mas as ações sucumbiram ao mau humor do investidor e levaram o Índice Bovespa à sua terceira queda consecutiva, de 1,52%, aos 81.815,31 pontos. Esta é a menor pontuação do Ibovespa desde 9 de fevereiro e representa o rompimento de um importante suporte, nos 82 mil pontos. Os negócios somaram R$ 20,3 bilhões inflados pelos R$ 8,1 bilhões movimentados durante o exercício de opções sobre ações.
O desempenho negativo do índice foi na contramão da alta das bolsas de Nova York e da queda do dólar ante o real. Em um dia de cenário externo mais tranquilo, permaneceram no radar dos investidores os indícios de fraqueza da economia doméstica, a incerteza eleitoral e os ruídos de comunicação do Banco Central e seus reflexos nos mercados de câmbio e juros.
O vencimento do mercado de opções foi um fator técnico de forte influência no comportamento das ações, segundo analistas. Pela manhã, o Ibovespa chegou a subir 0,96% (83.883 pontos), mas perdeu fôlego e oscilou perto da estabilidade, com leve sinal negativo. O movimento vendedor ganhou força rapidamente após as 13h, quando foi encerrado o período de exercício de opções. Na mínima do dia, o índice chegou aos 81.576 pontos (-1,81%). A explicação para o movimento é que investidores do mercado de opções seguraram preços pela manhã, para defender suas posições, e depois se desfizeram delas.
O dia foi de quedas bastante pulverizadas, mas as baixas mais representativas ficaram com as ações da Vale e da Petrobras. No caso da mineradora, contribuiu desde cedo a forte desvalorização do preço do minério de ferro no mercado à vista chinês. Ao final do pregão, Petrobras ON e PN tiveram quedas de 3,35% e 2,34%, respectivamente. Vale ON perdeu 3,23%.
“A bolsa está em uma situação de fragilidade e os únicos papéis que ainda reservavam alguma gordura eram Petrobras e Vale. Eram elas que vinham segurando o mercado nos últimos dias e hoje cederam a um movimento de realização de lucros”, diz Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial.
Segundo o profissional, diminuiu hoje o mal estar do mercado com a surpresa do Banco Central ao manter inalterada a taxa Selic. No entanto, diz, permanece uma ansiedade dos investidores com questões relacionadas à atividade econômica lenta e ao cenário eleitoral indefinido. A queda de 1,41% do dólar, em resposta a uma atuação mais forte do Banco Central nos leilões de swap cambial, teve pouco efeito sobre o mercado de ações, que acabou por acompanhar mais de perto a volatilidade mostrada nos juros futuros.