Diante da crise econômica do País, os principais índices do segmento de produtos químicos de uso industrial mostram que, em volume, os resultados neste início de ano são negativos. Conforme levantamento da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), no primeiro bimestre deste ano, o índice de produção recuou 1,69% ante igual período do ano passado, atingindo patamar médio que é o segundo pior dos últimos dez anos, só ficando abaixo do resultado verificado em igual período de 2009.
Já o índice de vendas internas teve declínio de 6,03%, na mesma base de comparação. O consumo aparente nacional, que mede a demanda interna, apresentou retração de 5,9% nos dois primeiros meses do ano, em linha com os resultados dos principais indicadores da atividade industrial nacional.
Segundo a Abiquim, os níveis de produção de químicos só foram sustentados em razão do volume exportado, que teve alta de 47,3% nos dois primeiros meses do ano, por causa da taxa de câmbio.
Mas para a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, parte desse ganho (com a desvalorização do real) pode se perder, com as flutuações que estão ocorrendo no período recente. “Deve-se registrar ainda que o câmbio, apenas, não é suficiente para estimular uma competição mais efetiva no mercado internacional e alavancar a produção”, declara Fátima.
Em relação aos últimos 12 meses, de março de 2015 a fevereiro de 2016, o índice de produção teve variação positiva de 0,15%, enquanto o de vendas internas exibiu desaceleração de 5,52%. Quanto à demanda nacional, houve queda de 7,9%.
A executiva da Abiquim diz que esse desempenho se deve ao declínio da atividade econômica no mercado interno. Ela citou ainda os números negativos do PIB industrial brasileiro dos últimos dois anos, puxados, especialmente, pela indústria de transformação e construção civil.
A utilização da capacidade instalada ficou em 78% na média dos 12 meses encerrados em fevereiro, um ponto inferior à que havia sido verificada nos 12 meses anteriores. Essa taxa de ociosidade é considerada alta para os padrões da indústria química.
Perspectivas
A diretora de Economia e Estatística da Abiquim avalia que as perspectivas não são “animadoras” para os próximos meses. Dados analisados não indicam uma inversão da trajetória de declínio.
Fátima destaca que ao ambiente interno se soma ao momento conturbado em âmbito internacional, com questões relacionadas a ataques terroristas, além da redução da atividade em países como a China, com impacto sobre a oferta e a procura de algumas commodities, afetando os preços.