No lugar das tradicionais manifestações lideradas por petroleiros, grupos indígenas de cinco etnias ocupam nesta quarta-feira, 7, o papel de protagonistas na resistência à 13ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), iniciada no período da manhã, no Rio de Janeiro. Eles se posicionam contra a exploração de áreas próximas às suas tribos que foram leiloadas no passado.
Ao todo, dez índios caracterizados estão espalhados pela área onde ocorrerá a licitação, no hotel Windsor, na Barra da Tijuca, zona Oeste da cidade. Suas comunidades estão espalhadas pelo Acre, São Paulo e Paraná.
“Estamos protestando contra o que o leilão vai significar para as nossas gerações futuras”, afirmou Kretã Kaingang, da tribo Kaingang, localizada no Paraná. “A exploração de petróleo traz desenvolvimento, mas leva vida”, protestou Maria de Souza, da tribo Nikini, do Acre.
Todos os índios, das diferentes etnias, carregam adesivos da organização “No fraking”, que se posiciona contra o fraqueamento de rochas de xisto. No Paraná, petroleiras foram impedidas de avançar na exploração de áreas licitadas pela ANP, por determinação da Justiça a pedido do Ministério Público.
Os índios prometem interromper o leilão com palavras de ordem e logo no início do leilão, levantaram cartazes com a frase “No Fraking”.
Do lado de fora do hotel, o Sindipetro-RJ, representante dos petroleiros no Rio de Janeiro, mantém um caminhão de som, com faixas, mas não há manifestantes apoiando o sindicato, apenas pessoal da própria entidade.
Segundo o diretor do Sindipetro-RJ Edson Munhoz, “esse leilão não cumpriu prazos legais e envolve áreas de preservação ambiental.” Ele disse ainda que há áreas na reserva do encontro entre os rios Negro e Solimões, “por isso os indígenas estão aqui. É um absurdo entregar essas áreas a uma indústria tão poluente quanto a petrolífera”, afirmou.