A indústria de fundos atingiu o patrimônio líquido de R$ 4,1 trilhões este ano, refletindo uma captação recorde no acumulado até novembro, de R$ 232 bilhões, de acordo com a Anbima. Em 2016, no acumulado do mesmo período, a indústria de fundos captou R$ 95,2 bilhões.
Segundo Carlos Ambrósio, diretor da associação, a queda na taxa do juro contribuiu para essa captação recorde na base histórica da casa, com destaque à categoria multimercado, onde a captação foi igualmente recorde.
Os números da Anbima mostram que a categoria multimercado captou R$ 91,7 bilhões no acumulado do ano até novembro, contra R$ 13,6 bilhões no mesmo comparativo de 2016. O recorde anterior foi alcançado em 2006, quando os fundos multimercados captaram R$ 56 bilhões.
Outros produtos destacados foram os fundos de produtos estruturados, como FIPs e ETFs, onde as captações cresceram para R$ 1,7 bilhão e R$ 25,3 bilhões até novembro de 2017, de R$ 100 milhões e R$ 15,1 bilhões no mesmo período de 2016.
Projeções
As captações líquidas dos fundos devem seguir em patamares elevados no ano que vem, com investidores focados, provavelmente, em ativos de maior valor agregado, previu Ambrósio em conversa com jornalistas. “No entanto, não consigo prever se haverá outro recorde, como em 2017, no volume captado pela indústria”, disse.
A queda na taxa de juro é o principal motor da alta nas captações, a qual a Anbima acredita deverá seguir baixa. Ele pontuou, ao mesmo tempo, que esse cenário positivo para as captações depende também de condições favoráveis no mercado de modo geral, sem elevada volatilidade, incluindo para o cenário eleitoral.
Debêntures
O perfil dos investidores de debêntures registrou mudança importante este ano, com 68% do que foi emitido até novembro tendo sido distribuído ao mercado, notadamente entre investidores institucionais, destacou o diretor da Anbima, José Eduardo Laloni, também em conversa com jornalistas. No mesmo período do ano passado, o porcentual das emissões que chegou ao mercado foi de 30,8%.
De acordo com números da associação, a participação dos investidores institucionais subiu para 63,2% nas emissões de debêntures distribuídas ao mercado até novembro, de 28,6% no mesmo período do ano passado. Das pessoas físicas cresceu para 4,5%, de 2,2%, nos mesmos períodos comparativos. Nos anos cheios de 2016, 2015 e 2014, a participação dos institucionais estava na casa de 30% e das pessoas físicas, de 3%, com exceção de 2015, onde alcançou 5%.
A queda no juro contribui para esse movimento, uma vez que leva investidores a buscarem produtos de maior retorno, demanda essa que a indústria de fundos atende, especialmente no público de varejo.
Outro destaque feito pelo diretor da Anbima foi as emissões de notas promissórias, que tiveram aumento de 217% no acumulado deste ano em comparação a 2016, para R$ 21,8 bilhões. “São papéis de menor complexidade e boa aceitação no mercado”, citou Laloni.
O montante deste ano ainda está abaixo do emitido em 2014, quando de janeiro a novembro, alcançou R$ 31,2 bilhões, sendo 81,1% com prazo de 91 a 180 dias. Neste ano, as notas promissórias emitidas nesse prazo representaram 14,1% do total, enquanto 54,8% se concentraram em prazo acima de 366 dias.
As notas promissórias são tradicionalmente papéis aos quais as companhias recorrem em momentos de crise, por serem de menor complexidade e de prazos mais curtos, normalmente para rolar dívidas com bancos.
Captações em 2018
As captações por meio de emissão de títulos de dívida no mercado externo devem seguir fortes em 2018, ao longo do primeiro semestre, dada as condições atuais favoráveis, o que inclui elevação gradual do juro nos Estados Unidos, disse Laloni.
Segundo relatório da Anbima, até novembro foram emitidos US$ 28,4 bilhões em bônus no exterior, um crescimento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Laloni, na conversa com jornalistas, notou que este é o maior montante desde 2014, quando foram captados US$ 45,5 bilhões no exterior.
Ele afirmou, entretanto, que os montantes a serem emitidos no exterior no ano que vem dependerão mais da demanda das empresas do que dos investidores externos, que tendem a manter o elevado apetite por papéis de renda fixa brasileiro. “Considerando um cenário de juro estável no exterior, o volume a ser captado pelas empresas vai depender das condições do mercado local, onde a base de investidores está crescendo e os custos estão mais competitivos”, disse.