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Indústria dificilmente vai retomar produção de emagrecedores, diz Sindusfarma

A indústria dificilmente vai retomar a produção de emagrecedores que levam em sua composição anfetaminas, avalia o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. Mesmo que sancionada pelo presidente Michel Temer, a liberação dos remédios aprovada nesta terça-feira, 20, pela Câmara dos Deputados exigiria o registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um processo demorado e caro. “Não sei se algum produtor terá interesse, sobretudo diante da polêmica em torno dessas drogas”, disse Mussolini.

A retirada de emagrecedores a base de anfetamina foi determinada pela Anvisa em 2012. A justificativa era a de que não havia estudos que comprovassem a eficácia das substâncias e que os riscos do uso desses medicamentos eram superiores a eventuais benefícios. A decisão na época provocou uma comoção entre associações de médicos e pacientes, que defendiam a permanência do produto no Brasil. Tão logo a agência publicou a restrição, o Conselho Federal de Medicina ingressou com uma ação na Justiça contra a decisão e um projeto de lei liberando novamente os medicamentos foi proposto – texto que agora é aprovado.

Quando emagrecedores a base de anfetamina começaram a ser usados no Brasil, há 40 anos, as regras para o registro de remédios eram bem menos rigorosas. Não era necessário, por exemplo, a apresentação de estudos que comprovassem a segurança e a eficácia do medicamento, o que hoje é indispensável. “Tenho minhas dúvidas se alguém estaria disposto a fazer um estudo clínico com um número significativo de pacientes para colocar novamente esses medicamentos no mercado”, completou.

Além de o processo ser demorado e exigir um investimento considerável, o retorno seria pouco atrativo pela indústria. Os emagrecedores femproporex, mazindol e anfepramona são considerados de baixo custo. “O processo de registro de um medicamento no Brasil demora em média 3 anos. Antes disso, seria preciso fazer os estudos clínicos, o que também leva tempo.”

A alternativa seria recorrer às farmácias magistrais. “Vai ser um paraíso para as farmácias de manipulação”, disse. Algo que deverá dificultar a vigilância. “Claro que existem farmácias de manipulação de qualidade. O problema é que as regras para importação de matéria-prima são bem mais flexíveis para esses grupos.” O jornal “O Estado de S. Paulo” procurou a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), que não se pronunciou.

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