“Foi uma experiência completamente magnífica e super positiva”. A alegria da influencer Bryanna Nasck retrata a surpresa ao se deparar com o que deveria ser a regra do bom senso no padrão de atendimento, mas ainda impressiona pelo tabu do preconceito.
Bryanna é uma pessoa trans não-binária. Isso significa que além de não se identificar com o gênero que lhe foi imposto ao nascimento. Logo como uma pessoa não-binário sua identidade de gênero não se encaixa nas definições padrões do que entendemos por homem ou mulher.
A influencer, especialista em video-games, foi convidada para um evento em Los Angeles, nos Estados Unidos e, ao chegar no aeroporto, se sentiu acolhida por uma colaboradora. “Quando cheguei encaminhei ao atendimento. Logo apareceu um funcionário para me auxiliar no autoatendimento e percebi que não havia a opção de nome social. Porém, quando estava finalizando, tinha uma pulseirinha. Chamei uma das profissionais e pedi auxílio para finalizar o processo. Quando ela colocou a pulseirinha, ela perguntou com uma voz mais baixa se eu tinha um nome social que gostaria de usar”, relata.
Moradora de Tatuí, no interior de São Paulo, Bryanna conta que ficou muito alegre com o atendimento humanizado no processo de realização do exame de Covid-19 – nas unidades do Hospital Albert Einstein – que evitou o constrangimento no ato do embarque. “Em um primeiro momento eu fiquei com a cabeça meio confusa e quando entendi falei ‘sim eu tenho’. Me animei completamente. Eu estou acostumada, quando vou fazer algum processo burocrático que envolve meu nome civil e as pessoas tratarem por meu nome errado e eu avisar que meu nome não está retificado”, continua a influencer, que também elogiou o tom de voz sereno da atendente ao questioná-la.
“Ela foi ao local, conversou com a técnica de enfermagem que foi fazer meu atendimento e fui chamada pelo nome. “Não tive o menor problema depois disso. Foi uma experiência muito legal”, finaliza.
Sentimento
Bryanna compartilhou a emoção no seu Tiktok, que é seguido por mais de 33 mil pessoas e recebeu muitas mensagens de apoio. Ao GuarulhosWeb, porém, ela falou do sentimento ao ser valorizada pela colaboradora que a atendeu. “Fez eu me sentir recepcionada, como se eu tivesse investido bem no local, que se preocupou em fazer com que eu me sentisse bem. Foi uma experiência completamente magnífica e super positiva. Achei que era importante compartilhar, porque a gente está discutindo sobre treinamento profissional”, explica.
Direito
O processo de mudança de nome não é tão simples e diversos fatores impedem o processo. No caso de Bryanna, o receio de perder o visto americano. O GuarulhosWeb publicou um levantamento recente da Anoreg (Associação dos Notários e Registradores do Brasil) que mostra crescimento no número de alterações de gênero no município. Contudo, o índice ainda é baixo.
“As pessoas trans que se sentem ofendidas e que ficam chateadas quando têm seus nomes e pronomes desrespeitados, estão dentro do seu direito civil e enquanto cidadãos que estão buscando dignidade e respeito de suas vivências”, conclui Bryanna.