José Luiz Herencia construiu sua trajetória de gestor cultural em instituições como a Petrobras, o Instituto Moreira Salles, o Ministério da Cultura e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo antes de assumir, no início de 2013, o cargo de diretor geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. Ele deixou o posto no dia 19 de novembro, alegando, em uma carta ao Secretário Municipal de Cultura, “divergências pessoais”, “interferências externas à instituição” e ao “embate entre visões distintas” a respeito da gestão do teatro e do “papel que ele deve exercer no panorama artístico brasileiro”.
Formado em Filosofia pela USP, Herencia dirigiu, a partir do ano 2000, a área de música e produções audiovisuais do Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Em 2007, organizou o I Edital Petrobras de Festivais de Música. Um ano depois, tornou-se assessor especial do Ministro da Cultura Juca Ferreira. Ficou no ministério até 2010, quando já ocupava o posto de Secretário Nacional de Políticas Culturais (também foi conselheiro do Programa Petrobras Cultural), liderando iniciativas como a revisão da Lei de Direitos Autorais.
Em 2011, deixou o governo federal para assumir a coordenadoria de Fomento e Difusão da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, durante a gestão do então secretário Andrea Matarazzo. Nesse âmbito, foi responsável por fazer ajustes no ProAC (Programa de Ação Cultural), uma das principais bandeiras da política cultural do governo do Estado.
No início de 2013, recebeu convite de Juca Ferreira, que assumia a Secretaria Municipal de Cultura, para ocupar a direção geral da Fundação Theatro Municipal. O trânsito por lados opostos do espectro político fez dele figura controversa entre os membros da área cultural do PT e do PSDB – e sua nomeação para o Municipal enfrentou resistências por parte da classe artística ligada ao partido do prefeito Fernando Haddad.
Sua gestão no Municipal ficou marcada por iniciativas como a celetização dos artistas do teatro, processo ainda em curso, e por desentendimentos com o Ministério do Trabalho e o Sindicato dos Músicos por conta da demissão de artistas. Partiu dele a decisão também de, em setembro deste ano, cancelar parte da programação de 2015 e metade da temporada que havia sido anunciada para 2016, alegando falta de verbas de patrocínio. A decisão levou a desentendimentos com o maestro John Neschling, diretor artístico do Municipal, instaurando uma crise interna no teatro. Com a saída de Herencia, assumiu a direção da fundação o advogado Paulo Dallari, figura de confiança de Haddad, de quem já havia sido chefe de gabinete.