Economia

IPOs podem voltar a acontecer no fim do ano

A seca de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira poderá acabar no fim do ano, no máximo em 2017. Depois de mais de um ano sem nenhuma estreante, a percepção é de que uma retomada de confiança dos investidores reacenderá o mercado de capitais para novas captações. “Há uma confiança de que o ajuste fiscal virá e criará novas bases de crescimento da economia. Há cerca de 50 empresas com ofertas represadas”, destaca o diretor presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto.

O acúmulo de empresas para acessar o mercado de capitais ocorreu devido à ausência de janelas para abertura de capital, diante da anemia da economia brasileira, cenário agravado pela crise política sem precedentes. Agora, a expectativa é de melhoria da confiança, que deve ganhar mais tração com a efetivação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

“O governo precisa fazer caixa, haverá privatizações e a expectativa é muito grande. Há chance de haver algum IPO nesse final de ano, mas a certeza é para o ano que vem, com a consolidação das reformas que levará a uma retomada da confiança dos investidores”, afirma Edemir, lembrando que os estrangeiros são os compradores de grande parte das ações das ofertas realizadas por aqui.

Até o início de agosto, as expectativas estavam voltadas para a possibilidade de vir a mercado a oferta bilionária do IRB Brasil Re. No entanto, os acionistas do ressegurador, dentre eles bancos privados e o governo, não chegaram em um consenso sobre o preço no âmbito da oferta e decidiram deixá-la para o ano que vem, na expectativa de melhora nas condições do mercado e de conseguirem, assim, um valor mais elevado para a empresa.

Um dos pilares para o início da recuperação das expectativas do mercado, segundo o presidente da Bolsa, foi a chegada da nova equipe econômica, chefiada por Henrique Meirelles. “A expectativa em reformas é muito grande. A nova equipe econômica é medalha de ouro”, brincou Edemir. Um dos integrantes da equipe econômica é o ex-diretor executivo de Produtos da Bolsa, Eduardo Guardia, que assumiu em junho a secretaria executiva da Fazenda. “O mercado de capitais será uma grande alavanca para o crescimento brasileiro”, destaca Edemir.

Mais follow ONS

Depois de duas ofertas subsequentes (follow ons) de sucesso em um período de apenas duas semanas, a Bolsa brasileira deverá, ainda neste ano, ser palco de novas captações de companhias já listadas, na esteira do início da melhora do humor em relação ao Brasil, apurou o Broadcast. Os principais setores candidatos, conforme fontes de mercado, são energia, infraestrutura, shoppings e saúde. Após essas ofertas, a projeção é de que o mercado se abra, finalmente, para os IPOs.

As expectativas giram em torno das privatizações que devem levar mais empresas para a Bolsa, na esteira da necessidade do governo de levantar recursos para diminuir o rombo fiscal das contas públicas. Além do IRB, outra companhia com participação estatal que planeja sua abertura de capital é a Caixa Seguridade, processo que deve também ficar para 2017.

O último IPO na Bolsa brasileira foi a da Par Corretora, em junho do ano passado, a única oferta inicial de 2015. Em 2014, o mercado foi palco também de uma única oferta, a da companhia do setor veterinário Ourofino. Ao longo desse período, o movimento que se intensificou foi a saída de companhias da Bolsa, como a do grupo de eletrodomésticos Whirlpool – dono das marcas Brastemp e Consul -, que anunciou sua saída da Bolsa mês passado.

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