O ministro-chefe do gabinete da presidente Dilma Rousseff, Jaques Wagner, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que “é mentira” a informação divulgada de que o deputado Waldir Maranhão, do PP, teria mudado de novo de lado e que votaria a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Maranhão, que foi considerado um trunfo nos votos para o governo na sexta-feira, almoçou ontem com Jaques Wagner e conversou há pouco com o ministro assegurando que está ao lado do Planalto e contra o afastamento de Dilma.
“Essa notícia faz parte da guerra de votos. Cada um tem seu placar. E nós estamos seguros que teremos os 172 votos necessários para derrotar o processo de impeachment na Câmara”, disse Jaques Wagner, sem querer falar na planilha do governo. Na noite de sábado, o número era da ordem de 178 votos, seis a mais do que o mínimo necessário. Jaques Wagner avisou ainda que ele, a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão trabalhar “até o último minuto” para garantir os votos necessários contra o impeachment.
Jaques Wagner já está no Palácio da Alvorada reunido com Dilma. Os ministros mais próximos irão para o local, onde foi montado uma espécie de quartel-general do governo para acompanhar a votação e fazer as últimas investidas. Lula chegará ao Alvorada daqui a pouco para almoçar com Dilma, na residência oficial da presidente. Desde cedo, Dilma está recebendo ministros e o governo trabalha não só o convencimento de apoios de última hora, mas também e com muita força, a ausência de parlamentares no plenário.
Mas, a situação no momento é considerada delicada. O governo sabe da dificuldade de chegar aos 172 votos e por isso trabalha para garantir as ausências, principalmente dos deputados que serão candidatos a prefeito. O Planalto sabe que acontecerão traições de última hora, sabe que muitos deputados fazem jogo duplo, mas joga pesado para assegurar o apoio à presidente, por isso Lula voltou para Brasília para reforçar as negociações. Todos ficarão a postos no Alvorada acompanhando a votação.
A atenção do Planalto é total e a apreensão também é muito grande. Neste momento, o PP, partido de Maranhão, é considerado um fiel da balança e está francamente favorável ao impeachment, mas as baixas do partido foram consideras um grave problema. Da mesma forma, a decisão de Gilberto Kassab de deixar o ministério porque não conseguiu entregar os votos do partido para o governo foi outra baixa importante, assim como o PRB. O Planalto, então foi obrigado a mudar a estratégia e deixar de se concentrar nas lideranças e partir para o varejo, abrindo as portas dos palácios da Alvorada e do Planalto para os deputados. No momento o Planalto trabalha com uma margem muito apertada e por isso está investindo fortemente na tentativa de convencer deputados a se ausentarem do plenário.