Um júri considerou nesta terça-feira, 9, o ex-presidente americano Donald Trump culpado de abuso sexual e difamação da escritora E. Jean Carroll. O ex-presidente foi condenado a pagar US$ 5 milhões (quase R$ 25 milhões) em indenizações à ex-colunista da revista <i>Elle</i>, de 79 anos. A decisão foi unânime. O júri era composto por seis homens e três mulheres.
Embora a condenação tenha sido recebida como uma vitória pelas vítimas de abuso sexual, a natureza civil do processo significa que Trump não corre o risco de ser preso. Ainda assim, a decisão pode afetar a campanha presidencial – Trump é favorito para vencer as prévias republicanas e ser o candidato do partido na eleição de 2024.
O veredicto de ontem marca a primeira vez que Trump é condenado por abuso sexual, apesar de ele ter sido acusado de agressão por mais de 20 mulheres. A sentença foi a segunda bomba jurídica que explodiu no colo do ex-presidente em menos de dois meses.
<b>Justiça</b>
Trump já responde criminalmente por fraude contábil, ao alterar documentos para esconder um pagamento feito para a atriz pornô Stormy Daniels não revelar um caso extraconjugal entre os dois.
Nos oito dias de julgamento, Carroll testemunhou que Trump a estuprou em um provador da Bergdorf Goodman em 1996. O júri considerou que ele não a estuprou, mas o condenou por abuso sexual e difamação – que entrou na conta do ex-presidente após ele dizer que a acusação de Carroll não passava de um "golpe".
Ontem, Trump não se conteve e chamou o veredicto de "vergonha". "É a continuação da maior caça às bruxas da história", escreveu o ex-presidente em sua rede social Truth Social. Ele não testemunhou nem compareceu ao julgamento em Manhattan. Seus advogados não convocaram nenhuma testemunha.
O caso dependia do depoimento de Carroll, que contou ao júri ao longo de três dias como seu encontro com Trump se transformou em um ataque brutal no provador da loja de lingerie. Segundo ela, o estupro ocorreu logo depois que Trump lhe pediu uma opinião para comprar um presente.
<b>Estupro</b>
Assim que eles entraram no provador, Trump jogou Carroll contra a parede e a imobilizou com o peso do seu corpo, segundo o depoimento da escritora, que contou detalhes minuciosos de uma forma bastante tocante. Ela disse que Trump puxou sua meia-calça e a estuprou por alguns minutos. Eventualmente, ela conseguiu se libertar e fugiu da loja em direção à Quinta Avenida.
Na época, Carroll contou a dois amigos a respeito do estupro – ambos testemunharam no julgamento -, mas se manteve em silêncio por duas décadas, segundo ela, em razão de como as mulheres vítimas de abuso eram tratadas. A primeira vez que o caso veio à tona foi em 2019, quando a <i>New York Magazine</i> publicou um trecho de seu livro que trazia um relato do episódio.
<b>Esfera civil</b>
Pelo fato de não ter havido uma investigação criminal sobre o caso na época, a denúncia não pode ser levada à Justiça criminal e Carroll optou por processar Trump na esfera civil. O ex-presidente sempre negou que tenha estuprado a escritora. Ele nem sequer admite ter conhecido Carroll e diz que a acusação é uma "história ridícula e nojenta". "É tudo inventado", disse.
Ontem, Trump reclamou de ter sido "silenciado" durante o julgamento e prometeu recorrer da decisão. "Vamos recorrer. Fomos muito maltratados por um juiz (Lewis Kaplan) indicado por (Bill) Clinton", afirmou o ex-presidente. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>