Mesmo após o fim do ciclo "intenso e tempestivo" de alta da Selic, a taxa média de juros no crédito livre voltou a subir em outubro, de 40,7% ao ano em setembro para 42,4% ao ano em outubro, informou nesta segunda-feira, 28, o Banco Central. Em outubro de 2021, era 10 pontos porcentuais menor, de 32,4%.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 54,0% para 56,6% ao ano de setembro para outubro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 23,0% para 23,5%.
<b>Cheque especial</b>
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa caiu de 134,3% ao ano para 132,5% ao ano de setembro para outubro. No crédito pessoal, a taxa passou de 40,2% para 42,4% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
<b>Veículos</b>
Os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,1% ao ano em setembro para 27,2% em outubro.
<b>Operações livres e direcionadas</b>
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 28,8% ao ano em setembro para 29,9% ao ano em outubro. No décimo mês de 2021, estava em 23%.
<b>ICC</b>
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em outubro ante setembro, aos 21,6% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
<b>Spread</b>
De acordo com o BC, o spread em operações de crédito apresentou elevação em outubro. Dados divulgados nesta segunda-feira mostram que, no crédito livre, o spread bancário médio passou de 28,6 pontos porcentuais em setembro para 30,3 pontos porcentuais no mês passado.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 41,7 para 44,4 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 11,1 para 11,7 pontos porcentuais.
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.
O spread médio do crédito direcionado foi de 3,9 para 4,2 pontos porcentuais na passagem de setembro para outubro.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,9 para 20,1 pontos porcentuais do nono para o décimo mês do ano.
<b>Inadimplência</b>
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 4,1% para 4,2% de setembro para outubro, informou o Banco Central.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 5,8% para 5,9% de um mês para o outro. No caso das empresas, variou de 1,9% para 2,0% período.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) se manteve em 1,2% em outubro.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência variou de 2,9% em setembro para 3% em outubro.
<b>Endividamento das famílias</b>
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro voltou a subir marginalmente em setembro, para 49,9%, de 49,8% em agosto, se mantendo perto do recorde da série histórica do Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 31,7% no nono mês, de 31,6% em agosto.
Neste mês, o BC comunicou uma revisão extraordinária na série de endividamento das famílias e comprometimento de renda devido à divulgação do Sistema de Contas Nacionais 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A divulgação final pelo IBGE provocou uma atualização das estimativas mensais da Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF), variável utilizada para medir o endividamento e comprometimento de renda.
"A principal fonte de elevação da RNDBF em 2020 ocorreu no componente de renda do trabalho. Adicionalmente, foram incorporadas a essas séries correções realizadas nas estatísticas de crédito", disse o BC, em nota à imprensa.
Apesar da revisão, a trajetória do endividamento continua similar, com o pico da série alcançado em julho (50,1%, contra 53,2% antes da revisão) e relativa estabilidade nos meses seguintes.
Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou setembro em 28,7%, saltando 1 ponto porcentual ante agosto (27,7% – antes da revisão era 29,4%). Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 26,6% no nono mês do ano, de 25,7% em agosto (27,2% antes da revisão). O indicador também manteve trajetória similar após a revisão, mas em um nível um pouco inferior.