Em meio à queda do dólar, ao apetite pelo risco no ambiente externo e à expectativa com o cenário político, os juros futuros chegaram ao final da sessão desta sexta-feira, 11, novamente em baixa, a quarta consecutiva. À espera dos eventos do final de semana, o investidor renovou o fôlego na montagem vendidas principalmente no período da tarde, quando a moeda norte-americana se firmou no terreno negativo. No fim da sessão regular, o DI julho de 2016 fechou estável em 14,06% e o DI janeiro de 2018, em 13,58%, de 13,82% no ajuste de ontem. O DI janeiro de 2021 caiu de 14,29% para 14,19%.
A primeira etapa dos negócios foi de oscilações mais estreitas das taxas futuras, com o investidor atento ao desenrolar do noticiário político após o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito pelo Ministério Público de São Paulo ontem. Resta agora aguardar a decisão da juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal de São Paulo. Houve críticas à decisão do MP, até de representantes da oposição, que acreditam que pode não haver argumentos jurídicos consistentes para o pedido e riscos ao desenvolvimento da Operação Lava Jato.
No fim de semana, haverá a convenção do PMDB, no qual as lideranças devem decidir sobre um possível rompimento oficial com a base aliada do governo, o que seria um golpe para a presidente Dilma. Em entrevista nesta tarde, ela descartou a possibilidade de renunciar, mas não respondeu se fez o convite a Lula para que ele assumisse alguma pasta em seu governo.
Além da convenção do PMDB, o mercado considera que a mobilização popular no domingo contra o governo pode elevar o risco de impeachment da presidente. Segundo a consultoria política Arko Advice, os protestos podem ser iguais ou maiores do que os realizados em março do ano passado, que atraíram entre 2 milhões e 3 milhões de pessoas.
No campo econômico, o dólar chegou a cair abaixo de R$ 3,60 na mínima da sessão. Perto das 16h30, a moeda à vista era cotada em R$ 3,6024 (-0,45%). O desempenho do câmbio nos últimos dias só endossa o cenário prospectivo de queda da inflação e, consequentemente, o debate sobre um corte da Selic no curto prazo, ainda mais diante de mais um indicador fraco da demanda doméstica nesta manhã. O IBGE informou hoje que o volume de serviços prestados recuou 5,0% em janeiro de 2016 ante igual mês de 2015, o décimo resultado negativo consecutivo e o pior desempenho para o mês de janeiro dentro da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
No exterior, a busca por ativos mais arriscados foi respaldada pelo avanço do petróleo e leitura mais positiva das últimas medidas de estímulo do Banco Central Europeu (BCE).