A oferta moderada de títulos prefixados longos pelo Tesouro e o ambiente externo favorável à tomada de risco acomodaram os juros futuros em baixa a partir do fim da manhã até o encerramento da sessão, com movimento mais expressivo nos vértices intermediários, após certa volatilidade na abertura dos negócios.
O Tesouro voltou a ofertar grande volume de LTN, mas concentrado no papel curto, o que reduziu o tamanho do risco do leilão e permitiu alívio nas taxas futuras. À tarde, o recuo se aprofundou em meio ao impulso dos mercados internacionais e com o dólar se distanciando da marca dos R$ 5,60. No entanto, sem novidades da arena fiscal e política, os agentes tratam o fechamento da curva hoje como ajuste e não tendência, até porque o nível de inclinação segue elevado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a 3,19%, de 3,274% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,775% para 4,64%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,56% (6,665% ontem) e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 7,54%, de 7,584%.
O dia começou com DIs longos pressionados para cima e os demais perto dos ajustes, enquanto o mercado estava na expectativa pelo anúncio das condições de oferta do Tesouro. Depois das 10h30, o sinal se inverteu, uma vez que a instituição optou por colocar o lote maior na LTN 1/4/2021, 25 milhões, com 3 milhões na LTN 1/10/2022 e 3,5 milhões na LTN 1/1/2024, somando 31,5 milhões. A oferta foi vendida integralmente.
"Basicamente o que respondeu pelo alívio da curva foi esse comportamento comedido do Tesouro, concentrando o risco no papel mais curto, e o bom humor no exterior. Houve melhora no comportamento das taxas, mas não reversão", disse o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho.
O espaço para devolução mais firme de prêmios continua esbarrando nas preocupações com o quadro fiscal, agora mais ainda com o adiamento das definições sobre o Renda Cidadã para depois das eleições municipais, ainda que o discurso do governo seja de respeito ao teto de gastos. "A probabilidade do descumprimento do teto segue no radar e o remanejamento das despesas ainda sendo discutido não alivia os juros futuros médios e longos do DI", afirma relatório da J&F Trust.
O mercado monitora ainda a possibilidade de desmembramento do ministério da Economia. O assunto voltou a ser discutido com a separação da secretaria de Previdência e Trabalho da pasta e a recriação do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para entregar para o Centrão. A medida é vista por parte dos analistas como um enfraquecimento do ministro Paulo Guedes. "Se levada adiante, a medida certamente será interpretada como um esvaziamento da influência de Paulo Guedes ou, talvez, até uma ação preparatória para um eventual desembarque do posto Ipiranga do governo Bolsonaro", disseram analistas da Guide.