As taxas de juros negociadas no mercado futuro tiveram nova rodada de baixas nesta quinta-feira, 10. Os recentes desdobramentos do cenário político e as perspectivas sobre a política monetária foram os combustíveis para mais uma sessão de redução dos prêmios de risco. Entre as novidades do dia esteve o anúncio de captação soberana brasileira – a primeira depois da perda do grau de investimento -, cuja demanda está estimada em mais de US$ 5 bilhões.
A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) usou um tom mais “dovish” ao justificar os motivos da manutenção dos juros básicos da economia. Para a maioria dos analistas, o tom do documento favoreceu apostas em um corte de juros no segundo semestre deste ano. Algumas apostas num afrouxamento monetário já no próximo encontro do comitê ainda se mantiveram, incentivadas por sinais recentes de desinflação. Nos últimos dias, IPCA e IGP-DI ficaram abaixo do piso das estimativas. Além disso, o dólar é negociado no patamar dos R$ 3,60, outro fator com potencial desinflacionário.
O cenário político, no entanto, continuou no centro das atenções. A denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica fez crescer a percepção de que o cerco se fecha contra Lula e contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Com isso, o dólar ganhou maior impulso de baixa, refletindo a reação positiva dos investidores à possibilidade de mudança de governo.
Nesta tarde, Lula se reúne em São Paulo com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e com lideranças de entidades ligadas ao PT. A possibilidade de Lula vir a assumir um ministério no governo, como forma de obter foro privilegiado, ainda estaria em avaliação pelo ex-presidente.
Em meio à volatilidade dos mercados, o Tesouro Nacional anunciou captação externa, por meio da emissão do Global 2026. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o Tesouro captou US$ 1,5 bilhão em bônus, oferecendo aos investidores retorno de 6,125%. O retorno (yield) de 57,86% é superior ao da última emissão feita pelo País no exterior, em setembro de 2014, quando o valor oferecido na reabertura dos bônus 2025 foi de 3,888%. No mercado secundário, o bônus 2025 paga hoje retorno de 5,85%. Esta foi a primeira emissão brasileira desde que o País perdeu o grau de investimento.
Ao final dos negócios no período regular de negócios na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em julho de 2016 apontava 14,060%, ante 14,075% no ajuste de ontem e o para janeiro de 2017, 13,83% (13,89% no ajuste anterior). O DI para janeiro de 2018 indicava 13,82%, de 13,95% no ajuste da véspera. No trecho mais longo da curva a termo, o contrato com vencimento em janeiro de 2021 teve taxa de 14,29%, ante 14,39% no ajuste de ontem.