Os juros futuros encerraram a sessão em alta nos vencimentos longos e estáveis, mas com viés de queda em alguns contratos, no trecho curto da curva a termo. Os negócios foram marcados pela cautela com a economia global reforçada por um dado fraco da atividade na China, que também pesou nas bolsas e moedas de mercados emergentes. No âmbito doméstico, os investidores seguiram acompanhando o noticiário sobre o perfil da equipe econômica em um eventual governo Michel Temer, se houver o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Ao término da etapa regular da sessão na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 tinha taxa de 13,655%, de 13,660% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2018 fechou estável em 12,75%. O DI janeiro de 2021 subiu de 12,41% para 12,49%.
Os juros longos já começaram o dia em alta, alinhados ao estresse visto no exterior. O índice dos gerente de compras (PMI) do setor industrial chinês mostrou que o indicador caiu de 49,7 em março para 49,4 em abril, a 14ª queda consecutiva, segundo a Markit. O dado alimentou a percepção de que a China pode entrar numa trajetória mais acentuada de desaceleração, o que traria consequências negativas para vários países. Adicionalmente, a União Europeia reduziu suas projeções de crescimento para diversas economias e o Banco Central da Austrália inesperadamente cortou sua principal taxa básica de juros, de 2,00% para 1,75%, pela primeira vez em um ano, numa tentativa de combater a ameaça de deflação e a valorização da moeda local.
O trecho mais curto oscilou perto da estabilidade, com viés de queda em alguns contratos, embutido por mais especulações em torno dos nomes que podem assumir o Banco Central em caso de impeachment de Dilma. “Houve um fortalecimento de aposta de que Alexandre Tombini pode permanecer no Banco Central numa eventual gestão de Henrique Meirelles na Fazenda”, disse o analista de renda fixa da Eleven Financial, Getulio Ost. Tombini é considerado menos ortodoxo do que os nomes que estão sendo cogitados nas mesas de operações, como o dos ex-diretores Mário Mesquista e Afonso Bevilaqua, e que vinham imprimindo um viés de alta para os DIs curtos nos últimos dias.
O resultado da produção industrial brasileira em março, que subiu 1,4% ante fevereiro, ficou dentro do esperado pelo mercado e não chegou a mexer com os negócios. As estimativas eram de crescimento entre 0,30% e 3,60%, com mediana de 1,50%.