Juros longos têm leve alta e curtos ficam estáveis com mercado à espera do Copom

Os juros futuros terminaram a quarta-feira de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) com viés de baixa na parte intermediária e de alta na ponta longa, enquanto os curtos ficaram estáveis. Os cenários fiscal e político incertos e a expectativa pelo comunicado do Copom limitaram a dinâmica das taxas e o volume negociado.

No início da tarde, a curva toda bateu mínimas num momento de maior fraqueza do dólar e percepção de que colegiado poderia trazer uma comunicação mais conservadora ao justificar a esperada retirada do forward guidance da política monetária. Diante dos fatores internos, o mercado de juros, mais uma vez, não compartilhou do bom humor visto no exterior, em dia de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,24% (regular) e 3,215% (estendida), ante 3,24% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 5,001% para 4,96% (regular) e 4,93% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,48% (regular) e 6,45% (estendida), de 6,495% ontem. A do DI para janeiro de 2027 avançou a 7,15% (regular) e 7,13% (estendida), de 7,124%.

Entre os agentes, a avaliação é que quedas mais pronunciadas das taxas têm tido vida curta em função do quadro de incertezas, apesar da curva brasileira seguir como uma das mais inclinadas do mundo, com prêmios atrativos. O calendário caótico da vacinação contra covid-19 no Brasil segue inspirando cautela, na medida em que o atraso na imunização prorroga a retomada da economia e pressiona o governo a retomar os benefícios fiscais, como o auxílio emergencial, ainda mais dada a piora da popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

"O mercado está louco para tomar risco, tem muito dinheiro sobrando no mundo, mas a agenda de reformas não anda e o cronograma de vacinação está um fiasco", disse o trader de renda fixa da Sicredi Asset Danilo Alencar.

A expectativa geral do mercado é de que a Selic seja mantida em 2% e que o <i>forward guidance</i>, segundo o qual o Copom não pretende reduzir o estímulo desde que satisfeitas determinadas condições, seja abandonado, na medida em que as expectativas de inflação vêm caminhando na direção das metas e não há avanços nas reformas. Entre 79 investidores institucionais consultados pela XP Investimentos, 70% esperam que a sinalização seja abandonada nesta quarta. Outros 25% esperam o fim do instrumento em março e 5%, em maio ou depois.

"Se o <i>forward guidance</i> for mantido, a leitura amanhã será dovish", disse Alencar. Ele ressalta, ainda, que o mercado de juros pode ter ficado mais cauteloso à tarde em função do leilão de prefixados nesta quinta-feira, com os agentes antecipando posições de hedge.

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