Juros recuam com ajustes técnicos antes do Copom e dólar em queda

Os juros futuros encerraram a terça-feira em queda, com as taxas longas cedendo em ritmo pouco mais acentuado que as demais e, com isso, a curva continuou perdendo inclinação. O mercado aproveitou o recuo do dólar e pressão menor no segmento dos Treasuries na maior parte da terça-feira para testar uma correção técnica, num dia também de baixa nos preços do petróleo no exterior.

A poucos dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o alívio se deu na contramão do que sugeriam os indicadores da agenda, que teve Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de janeiro e Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de março acima das medianas das estimativas.

O cenário de apostas para a Selic na quarta-feira, pelo o que mostram as opções digitais na B3, praticamente não se alterou em relação a segunda-feira. O Tesouro contribuiu para retirar pressão da curva ao reduzir a oferta de NTN-B, especialmente nos vencimentos mais longos.

No fechamento da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 estava em 4,26%, de 4,292% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 6,054% para 6,00%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa a 7,37%, de 7,406% na segunda-feira, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 7,964% para 7,88%.

André Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, acredita que o câmbio bem comportado e os juros da T-Note andando de lado deram espaço para um ajuste de posições, após uma sequência de volatilidade acentuada nos últimos dias. "Esperava nova pressão na ponta curta e um alívio maior na longa, mas, no geral, descolou dos fundamentos", disse.

Os dados do dia, em tese, dariam combustível para as apostas de alta da Selic. Antes da abertura, saiu o IGP-10 de março, com alta de 2,99%, superando a mediana das estimativas (2,84%). Ainda pela manhã, o Caged mostrou saldo positivo de 260.353 vagas, muito melhor do que apontava a mediana de 179 mil. É o melhor resultado para janeiro em 30 anos. Neste caso, porém, economistas acreditam que a partir de fevereiro o cenário começa a mudar, pois o mercado de trabalho já passará a captar efeitos mais severos do endurecimento da quarentena em grande parte do País.

Na véspera das reuniões de política monetária mais importantes para o mercado brasileiro – Copom e Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) -, o quadro de apostas para a Selic na decisão de quarta se manteve. As opções digitais na B3 mostram um mercado dividido, com a concentração das fichas entre alta de 0,5 ponto porcentual e 0,75 ponto.

O economista Felipe Azevedo, da Renova Invest, destaca que, ao contrário do padrão, desta vez não há consenso sobre como o Copom vai agir. "O mercado está perdido sobre as projeções. Tem casa falando em alta de 0,25 ponto e até de 2 pontos, mas 60% acham que deve vir aumento de 0,5 ponto", disse.

Na avaliação dele, qualquer aperto diferente de 0,5 ou 0,75 ponto vai ser surpresa. "Pode ser que as curvas curtas e longas tenham impacto maior", comentou.

O Tesouro Nacional abriu espaço para o alívio de prêmios na curva ao reduzir de 1,1 milhão na operação da semana passada para 850 mil o lote ofertado no leilão de venda de NTN-B, colocado integralmente. Segundo a Renascença, o DV01 (risco do mercado) caiu de R$ 4,59 milhões para R$ 1,85 milhão.

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