Estadão

Juros recuam com apetite por Brasil e real fortalecido por commodities

Os juros futuros começaram a semana em baixa, a despeito do clima de cautela que prevaleceu no exterior com os rendimentos dos Treasuries em trajetória de alta. Após pressão inicial pela manhã, favorecida pela disparada do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) acima das estimativas, as taxas foram se acomodando em queda, alinhadas ao desempenho positivo dos demais ativos locais, com investidores apostando no "kit Brasil". Os ganhos nas commodities favoreceram o real e acabaram ajudando indiretamente a curva a fechar, a despeito dos receios com a inflação e dúvidas sobre o processo de normalização da Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 ficou em 4,94% no fim da sessão regular, de 4,96% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,778% para 6,73%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,19% (de 8,275%) e a do DI para janeiro de 2027 fechou em 8,77%, de 8,854%.

O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, afirmou que houve algum estresse na abertura dos negócios em função da agenda da inflação, mas depois o "bom humor com Brasil" ajudou o mercado a digerir. "Há um certo otimismo hoje com o Brasil, que ajuda também a Bolsa e o câmbio", disse.

O IGP-10 de maio subiu 3,24%, acima do teto das estimativas (3,11%), e a pesquisa Focus trouxe ajustes para cima nas medianas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 (5,06% para 5,15%) e em 2022 (3,61% para 3,64%).

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, afirma que o que chamou de "pacote Brasil", com o dólar em queda, acabou por suavizar o impacto das preocupações com a inflação sobre a curva, que vinham mantendo especialmente a parte curta pressionada nos últimos dias.

Ele lembra que a sessão foi de ganhos para petróleo e minério de ferro, o que contribuiu para a alta do real, na medida em que favorece o fluxo exportador, a despeito do impacto da inflação importada. "Se continuar entrando dólar, as pressões inflacionárias ficam mais limitadas. São dois aspectos que se equilibram", explicou Vieira, lembrando que, nas últimas leituras, se os preços ao produtor têm surpreendido negativamente, por outro lado, os IPCs estão mais acomodados, assim como o dólar.

De todo modo, na reunião com os diretores do Banco Central, o tom era de preocupação com a inflação entre os analistas que participaram do encontro, na qual também foi consenso um maior otimismo com o crescimento do País. No entanto, houve divisão sobre que efeito tais fatores vão produzir de ajuste na Selic, com um grupo alinhado à ideia de que a recomposição será parcial e outro acreditando que será completa.

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