Os juros futuros começaram a semana em queda em toda a curva, mais pronunciada nos vértices longos, configurando uma desinclinação mais saudável. O mercado passou por uma correção dos excessos de prêmios adicionados no fim da semana passada pela leitura das mensagens do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), autorizada nesta segunda-feira pelo recuo do dólar, ambiente externo tranquilo e pela mediana das estimativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 no Boletim Focus, que parou de piorar.
A manutenção da projeção em 3,78% foi vista como efeito direto do comunicado do Copom, que alertou para o risco de uma ação mais tempestiva em caso de deterioração das projeções de inflação no horizonte relevante. Resta saber se o movimento vai resistir à ata da reunião, que o Banco Central divulga na terça-feira, 22, e que deverá dar mais detalhes sobre o plano de voo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular a 5,580%, de 5,631% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 7,238% para 7,11%. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 8,19%, de 8,355% e a do DI para janeiro de 2027, a 8,64%, de 8,823%.
As mínimas foram atingidas no período da tarde, quando os DIs mais longos chegaram a recuar perto de 20 pontos-base, levando os níveis de inclinação para próximo do que se via antes do Copom. Na sexta-feira, houve estresse na curva, com zeragens de posições vendidas e movimentos de travas nas NTN-B e hoje o clima foi distensionado. O dólar se enfraqueceu de forma generalizada na esteira de discursos mais suaves de membros do Federal Reserve e, à tarde, pelo otimismo em relação à negociação do pacote de infraestrutura. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, terá uma reunião nesta segunda-feira com parlamentares americanos sobre o tema.
Internamente, apesar das manifestações de milhares nas ruas do País contra o governo Bolsonaro no sábado, a segunda-feira foi de boas notícias para o mercado. Para o segmento de juros, o destaque foi a mediana de IPCA 2022 na Focus, que não acompanhou o ajuste em alta da mediana para 2021 (de 5,82% para 5,90%) e manteve-se em 3,78%. "E, dentre as instituições que atualizaram projeções nos últimos 5 dias, caiu de 3,80% para 3,74%", destacou o estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein, explicando que o comunicado do Copom havia levado a revisões altistas da trajetória da Selic, afetando as projeções dos modelos. A meta de inflação para 2022 é de 3,5%. A mediana para Selic continuou subindo, agora para 6,50%, de 6,25% na pesquisa passada.
À tarde, vieram dados bastante positivos do comércio exterior. O Ministério da Economia informou superávit comercial de US$ 2,564 bilhões na terceira semana de junho, com saldo de mais de US$ 7 bilhões no mês e de US$ 34,275 bilhões no ano. De Brasília, veio a sensação de que a agenda de reformas está andando, com a abertura da sessão na Câmara para discutir a Medida Provisória (MP) que abre caminho para a privatização da Eletrobras.