Estadão

Com visão menos hawkish sobre Fed, Bolsa fecha em alta de 0,67%

O dia foi de retomada do apetite por risco desde o exterior, com novas declarações de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) contribuindo para calibrar a expectativa pelo início da retirada de estímulos monetários na maior economia do mundo. Aqui, a corrida vista em Estados e grandes cidades para antecipar o calendário de vacinação da covid-19 contribui para a perspectiva de retomada da economia no segundo semestre. Para o avanço nesta segunda-feira, ajudou também a proximidade de nova votação, na Câmara, da MP sobre a privatização da Eletrobras, cujas ações (PNB +3,42%, ON +2,92%) permaneceram entre os destaques da B3.

Assim, o Ibovespa fechou a sessão em alta de 0,67%, a 129.264,96 pontos, entre mínima de 128.047,98 e máxima de 129.412,49 pontos, com giro financeiro a R$ 30,6 bilhões, passadas, na semana passada, as datas de vencimento de opções sobre o índice e sobre ações. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 2,42% e, no ano, de 8,61%.

Em Nova York, os ganhos nesta primeira sessão da semana chegaram, no fechamento, a 1,76% (Dow Jones), estimulados por retoque de James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, a declarações feitas na sexta, que haviam contribuído para alimentar o sentimento "hawkish" que vinha prevalecendo desde o comunicado do Federal Reserve sobre a decisão de política monetária da última quarta-feira.

"Apesar de toda a discussão hawkish da semana passada, a economia dos EUA ainda pode ver mais 18 meses de apoio (via política monetária)", observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York.

Nesta segunda, Bullard indicou que ainda levará algum tempo para que os estímulos monetários comecem a ser retirados nos Estados Unidos, enquanto Robert Kaplan, presidente do Fed de Dallas, observou que o gráfico de pontos divulgado na semana passada, com fortalecimento da posição favorável a aumento de juros em 2023, reflete "melhor perspectiva" para a economia americana. Segundo disse nesta segunda Bullard, o "tapering", o processo de retirada de estímulos à economia, começará quando o Fed tiver registrado avanço "substancial" em direção a suas "métricas", referindo-se às metas de inflação e emprego.

Contribuindo também para melhorar a percepção de risco quanto à orientação da política monetária nos Estados Unidos, o presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse no período da tarde que a economia americana ainda não avançou o suficiente para que o BC a ajuste e abandone a posição de "forte apoio à recuperação".

Com o Brent em alta na sessão, buscando se reaproximar da marca de US$ 75 por barril, refletindo posição dura do presidente eleito do Irã com relação a sanções e a falta de avanço do governo Biden quanto a retorno dos EUA ao acordo nuclear, os ganhos em Petrobras ON e PN superaram 2% (ON +2,09%, PN +2,22%) no fechamento desta segunda-feira. "Além disso, o Bank of America elevou a recomendação para Petrobras, de neutra para compra, com novo preço-alvo", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

O BofA elevou a recomendação diante de perspectivas mais otimistas para o setor de óleo e gás. Além disso, o banco subiu o preço-alvo da ADR da estatal de US$ 13,25 para US$ 14,50, representando um potencial de alta de 30,39% ante o último fechamento. Para o papel PN, o valor subiu de R$ 34,25 para R$ 37,50, possível avanço de 32,41% na mesma comparação.

O dia também viu boa recuperação para Vale ON (+0,94%) e especialmente para as ações de siderurgia, com ganhos de até 2,72% (Gerdau PN), apesar da forte queda nesta segunda-feira, de quase 5%, nos preços do minério de ferro em Qingdao, na China. Na ponta do Ibovespa, destaque para as ações com exposição à economia doméstica, como Pão de Açúcar (+7,88%), Cogna (+5,03%) e CVC (+4,91%). "Pão de Açúcar subiu mais de 7% com a notícia de que Michael Klein está montando uma posição acionária no Grupo – Klein teria interesse em comprar o GPA caso o Casino decida vender sua posição", diz Lucas Collazo, especialista da Rico Investimentos. No lado oposto do Ibovespa, Intermédica fechou nesta segunda-feira em baixa de 2,32%, Carrefour, de 1,97%, e Energias BR, de 1,93%.

Além da progressão da MP sobre a privatização da Eletrobras, de volta agora à Câmara dos Deputados na véspera da expiração do prazo para que a tramitação seja concluída, a melhor perspectiva interna tem relação direta com a "guerra positiva entre governadores para ver quem vacina mais" e a "possibilidade de um pacote de bondades" do governo federal, "com elevação do auxílio emergencial", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "O que fica no radar é a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro anunciar a extensão do auxílio emergencial por mais três meses, mantendo os valores e o número de beneficiários atuais", observa Collazo, da Rico.

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