Estadão

Dólar tem baixa com discursos de dirigentes do Fed e cai a R$ 5,02

O real teve um dia de recuperação no mercado de moedas nesta segunda-feira, após a desvalorização ante o dólar na semana passada. O fator principal para a melhora foi a queda da moeda americana nesta segunda no exterior, em meio ao reforço de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que a política monetária segue sem mudanças por mais algum tempo. Declarações da presidente da regional de St. Louis, James Bullard, tiveram repercussão ainda maior, na medida em que ele moderou o tom do que havia falado na sexta-feira, quando previu alta de juros ao final de 2022.

No mercado doméstico, um saldo forte da balança comercial em junho e a perspectiva de votação na Câmara hoje da MP que abre caminho para a privatização da Eletrobras também ajudaram o câmbio, em meio a relatos de entrada de fluxo e volta do desmonte de posição contra moeda brasileira no mercado futuro, após o reforço da semana passada.

Após bater máxima a R$ 5,08 mais cedo, o dólar fechou mais perto das mínimas, cotado em R$ 5,0227, em queda de 0,91%, No mercado futuro, o dólar com liquidação em 1º de julho, cedia 1,43% às 17h42, em R$ 5,0230.

Bullard declarou nesta segunda que pode os dirigentes do Fed "estão apenas no início" do processo de discutir a gradual redução nas compras de bônus ("tapering") e ainda "levará algum tempo" até esse processo ser estabelecido e colocado em andamento. O dirigente não vota este ano nas reuniões de política monetária, mas na sexta-feira estressou os mercados ao falar da possibilidade de alta de juros já ao final de 2022, enquanto a maioria do Fed prevê em 2023.

Para a economista da corretora americana Stifel, Lindsey Piegza, Bullard tem dado as declarações mais em favor da retirada dos estímulos, ou de tom "hawkish". Por isso, não seria surpresa nesta segunda se ele reforçasse esta avaliação. Contudo, a mudança de tom nesta segunda ajudou a melhorar os mercados, fazendo o dólar devolver ganhos da quinta e sexta-feira. No período da tarde, outro dirigente regional, John Williams, presidente do Fed de Nova York, disse que a economia dos EUA ainda não avançou o suficiente para que o Fed ajuste a sua política monetária.

As atenções se voltam agora para a participação na terça, 22, do presidente do Fed, Jerome Powell, em audiência no Congresso em Washington. No Brasil, há a perspectiva para a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Nos dois casos, a perspectiva é avaliar o grau da mudança de discurso dos dirigentes dos BCs, com tanto os brasileiros como os americanos mostrando uma guinada mais "hawkish".

A consultoria inglesa TS Lombard avalia que o ambiente é favorável para o Brasil, o que ajuda o real e tende a favorecer o Ibovespa, que hoje recuperou a linha dos 129 mil pontos. "A recuperação da economia está ganhando fôlego na medida em que a vacinação avança e a demanda externa por commodities brasileiras permanece forte", comenta em nota os analistas para Brasil da TS, Wilson Ferrarezi e Elizabeth Johnson. Eles preveem o BC elevando a taxa básica de juros, a Selic, para 6,5% ao final do ano.

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