Estadão

Juros: Taxas caem com fluxo a emergentes e queda do dólar, apesar de alta de commodities

Após começarem a segunda etapa em queda firme na medida em que o dólar furava a barreira dos R$ 4,73, os juros futuros desaceleraram o ritmo no período da tarde, segurando o sinal de baixa apenas do trecho intermediário em diante. As taxas curtas chegaram ao fim da tarde estáveis, com os investidores acionando o modo espera pelo IPCA-15 de julho, amanhã. De todo modo, ao longo da sessão, o mercado conseguiu ter um bom desempenho, desafiando o avanço das commodities e a abertura da curva dos Treasuries, apoiado, em boa medida, pelo fluxo para economias emergentes traduzido também na valorização do real.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2024 fechou com taxa de 12,700%, de 12,708% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,70%, de 10,72%. A do DI para janeiro de 2027 recuava de 10,21% para 10,17% e a do DI para janeiro de 2029, de 10,58% para 10,53%.

Nas primeiras horas, as taxas oscilaram de forma lateral e a trajetória baixista foi definida somente após a bateria de índice de gerentes de compras (PMIs, em inglês) preliminares na Europa e Estados Unidos, que decepcionaram os investidores. Por outro lado, reforçaram a percepção de que os bancos centrais está semana têm pouco espaço para ações e sinalizações "hawkish". Na quarta-feira, haverá decisão sobre juros nos Estados Unidos e, na quinta, na zona do euro. Esta semana ainda tem encontro do Banco do Japão.

Ao mesmo tempo, as commodities, que já eram favorecidas pela promessa do Politburo – principal órgão decisório chinês – de mais medidas de apoio à economia, ganharam impulso das tensões geopolíticas, sobretudo as agrícolas após a Rússia atacar regiões estratégicas para transporte de grãos da Ucrânia. Cotações do trigo, milho e soja tiveram avanço expressivo.

Os preços do petróleo fecharam em alta de mais de 2%, com a leitura de que o aumento no trânsito de navios cargueiros entre Rússia e China por rotas no Ártico, sinalizam possível crescimento na demanda do país asiático. O WTI para setembro (US$ 78,74) fechou no pico desde 24 de abril.

Nas mesas de renda fixa, a percepção é de que a valorização de commodities estaria atraindo fluxo para emergentes, impulsionando moedas como o real e pressionando para baixo as curvas de juros e blindando contra a escalada dos rendimentos dos Treasuries. Hoje, curvas "pares" da brasileira, como as do Chile, Colômbia e África do Sul também cederam.

Tal fluxo, aparentemente, se sobrepôs aos temores da chamada inflação importada via commodities, pela ajuda do câmbio e também pela percepção de que a alta pode não se sustentar. O gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, lembra que os bloqueios russos parecem ser questões pontuais e não devem segurar o fluxo por muito tempo. "Além disso, ao representarem inflação de oferta, não me parece que vão exigir resposta das políticas monetárias, ainda mais num contexto de fraqueza das principais economias", disse.

Nesta terça-feira, o mercado já no começo da sessão terá a Pesquisa Focus, postergada de hoje para amanhã em função do jogo da seleção na Copa do Mundo Feminina, e também o IPCA-15 de julho, para o qual a mediana das estimativas é de queda de 0,03%. Os preços de abertura estarão na berlinda, principalmente os de serviços.

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