Os juros futuros tiveram uma segunda-feira relativamente tranquila, com taxas em queda durante boa parte da sessão e a ponta longa zerando o recuo à tarde para encerrar perto da estabilidade. O bom humor no exterior ajudou e o comportamento do dólar também serviu de proxy, mas contribuindo para que o ímpeto de queda das taxas esfriasse quando a moeda passou a operar novamente acima dos R$ 5,40. Passado o primeiro turno das eleições municipais, o noticiário econômico e a agenda estiveram hoje esvaziados e o mercado aguarda a retomada das discussões das pautas em tramitação no Congresso para avaliar as chances de votação de reformas ainda este ano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caiu de 3,345% para 3,29% (regular e estendida) e a do DI para janeiro de 2023 fechou a regular em 4,89% e a estendida em 4,90%, (4,946% no ajuste anterior). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,69% (regular) e 6,71% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 7,47% (regular e estendida), de 7,464% no ajuste de sexta-feira. Com as taxas de curto e médio prazo em queda e as longas estáveis, a curva acabou ganhando inclinação em relação à sexta-feira.
Para profissionais nas mesas de renda fixa, não há espaço para grande redução de prêmios enquanto não houver nada concreto nas medidas fiscais e reformas e, até que isso aconteça, a tendência é de que o mercado vá vivendo de "pequenos alívios". "Sem reformas e sem a retomada da atividade para um determinado nível que ajude na arrecadação, teremos problemas para cumprir o teto de gastos ano que vem. Discussões em torno do ajuste vão dando certo respiro, mas nada contundente", afirma o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que vai tentar votar esta semana a pauta que combinou com o presidente Jair Bolsonaro, como a que trata da navegação da cabotagem, mas "as reformas ficam para o segundo turno". O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o governo vai ter de tomar decisões difíceis em votações que não são simples, destacando a PEC emergencial, que disse não acreditar ser possível ser concluída no Senado e na Câmara até o fim do ano. E afirmou que não se deve cair na armadilha de votar projetos "bonitos" e que têm "charme", mas não enfrentariam os problemas estruturais, citando justamente o projeto de facilitação da cabotagem. "Não dá para fazer uma lista de dez projetos e fingir que a sociedade não entende o tamanho do problema fiscal", acrescentou.
A possibilidade de extensão do auxílio emergencial em 2021 segue como bode na sala, por mais que o ministro da Economia, Paulo Guedes, diga que será feita só em caso de segunda onda de Covid. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a recomposição da renda das famílias por meio dos auxílios do governo gerou uma poupança que deve começar a ser usada a partir do momento que esses auxílios forem retiradas em 2021. "Não acho que temos uma opção. O déficit fiscal tem que ser revertido a partir do próximo ano", enfatizou.