A vitória de Eurico Miranda na eleição do Vasco, por ora, está anulada. Nesta quinta-feira, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a anulação dos 475 votos computados na chamada “urna 7” do pleito vascaíno, realizado na semana passada. Sem esses votos, a chapa vencedora é a de Julio Brandt, um dos dois candidatos de oposição. A decisão, da 52ª Vara Cível, é preliminar e cabe recurso.
Eurico foi considerado vencedor do pleito com 2.111 votos, ante 1.975 da chapa “Sempre Vasco”, capitaneada por Brandt. A oposição, contudo, acionou a Justiça questionando os votos da urna de número 7, que apontou 428 votos a Eurico e apenas 42 ao candidato de oposição, algo bem diferente do visto nas demais, cuja distribuição de votos foi altamente equilibrada. Existe a suspeita de que os votos da urna 7 foram dados por torcedores que se tornaram sócios do clube de forma maciça entre novembro e dezembro de 2015, quando se encerrou o período para se tornarem aptos para participar do pleito.
Ao justificar a antecipação de tutela, a juíza Maria Cecilia Pinto Gonçalves escreveu que “a concretização de um processo eleitoral livre de vícios e máculas é desejo de todos os sócios da agremiação, e seu resultado será revertido em benefício dos que zelam pela tradicionalíssima instituição que é o clube réu”.
A magistrada determinou multa de R$ 50 mil a Eurico Miranda e ao presidente da Assembleia Geral, Itamar Ribeiro de Carvalho, caso não cumpram a decisão de suspender os efeitos da ata do encontro em até 72 horas.
Curiosamente, a ação que questiona a urna 7 foi movida pela chapa de outro candidato de oposição, Fernando Horta, que ficou em terceiro lugar. Mesmo assim, o advogado que representa o grupo, João Basílio, comemorou a decisão.
“A juíza determinou o refazimento da ata em que o Eurico foi eleito vencedor. Essa nova ata, afastando os votos da urna 7, vai dar a vitória ao candidato Julio Brandt”, explicou Basilio. “Ela determina ainda que haja eleição do novo conselho, e em razão desse resultado caberá à chapa do Julio Brandt indicar 120 conselheiros, e a do Eurico 30 conselheiros.” Atualmente, a conta é invertida.
A eleição à presidência do Vasco é indireta. No pleito da semana passada, duas chapas disputaram 150 vagas no conselho – a vencedora leva 120 cadeiras, e a segunda colocada, as outras 30. Esses conselheiros se juntam a outros 150 já existentes e escolhem o presidente em votação prevista para janeiro.
Por ser decisão em caráter preliminar, é certo que os advogados de Eurico entrarão com recurso. E a própria oposição já admite a possibilidade de uma decisão final não ser conhecida antes do pleito de janeiro. Assim, é possível que o presidente que for eleito pelo conselho acabe não tendo a presidência confirmada pela Justiça. A reportagem do Estado entrou em contato com a defesa de Eurico Miranda, que não se pronunciou.