A Kroton e a Estácio Participações confirmaram, conforme antecipou ontem o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que os conselhos de administração de ambas as empresas aprovaram proposta para fusão de seus negócios. O acordo será, agora, submetido aos acionistas das companhias em assembleias gerais extraordinárias (AGEs), sendo que a operação e a incorporação de ações dependem do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A fusão foi aprovada após a Kroton aumentar pela terceira vez sua proposta pela Estácio.
A fusão dará origem a uma gigante da educação com 1,6 milhão de alunos, R$ 8 bilhões de faturamento e pouco mais de 20% do mercado de educação superior do País.
A combinação de negócios entre as duas empresas de ensino se dará, conforme fato relevante ao mercado divulgado na noite de ontem, 8, por meio da incorporação de ações de emissão da Estácio pela Kroton, pelo seu valor de mercado. A relação de troca se manteve em 1,281 ação da Kroton para cada papel da Estácio, considerando que, na data da operação, haverá 307.680.459 ações de Estácio e 1.618.617.238 ações de Kroton, excluindo-se em ambos os casos as ações em tesouraria.
O aval do conselho veio após a Kroton elevar mais uma vez sua aposta pela vice-líder do setor, ao incluir o pagamento de R$ 420 milhões em distribuição de dividendos aos atuais acionistas da Estácio. Com isso, a relação de troca sobe para 1,37 (considerando o número de ações de emissão da Estácio indicado acima), aponta o documento. A proposta anterior era de R$ 170 milhões em dinheiro.
Na relação de troca acertada, as ações da Kroton, após a emissão aos acionistas da Estácio, serão distribuídas entre os acionistas da Estácio e da própria Kroton na proporção de, aproximadamente, 19,6% e 80,4%, respectivamente.
Segundo o fato relevante, a relação de troca deverá ser ajustada nos termos do acordo, em razão de desdobramentos, grupamentos e bonificações ocorridos a partir de 30 de junho de 2016 e quaisquer distribuições de dividendos (exceto extraordinários e distribuições usuais), reduções de capital, emissões de ações, recompras ou resgates de ações, ou qualquer outro evento que resulte em alteração da quantidade de ações em que se divide o capital social da Kroton e/ou da Estácio (excluídas as ações em tesouraria) ocorridos a partir de 07 de julho de 2016.
Os Conselhos de Administração de ambas as Companhias reforçam, no documento, que a aprovação unânime da combinação de negócios é um “grande passo” em direção à construção de uma empresa com “forte racional estratégico em razão da alta complementaridade geográfica, do amplo potencial de sinergias e de ganhos de eficiência, e em especial, do fortalecimento dos investimentos na qualidade dos seus serviços educacionais”. “Os Conselhos de Administração estão convencidos de que esta é uma ótima combinação estratégica e trará relevantes benefícios para, seus negócios, alunos, acionistas e demais stakeholders e certos de que a Estácio e a Kroton continuarão, juntas, a contribuir para a educação no Brasil”, destacam.
As AGEs serão realizadas, conforme o documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em primeira convocação, no dia 11 de agosto de 2016, e, em segunda convocação, no menor prazo legal possível. A assembleia precisa ter a presença de acionistas que tenham participação de 50% da Estácio, que tem capital pulverizado na Bolsa. Estácio e Kroton deverão submeter a operação conjuntamente ao Cade até 31 de agosto de 2016.
Em carta, Chaim Zaher, segundo maior acionista da Estácio, com 14,3%, confirmou, conforme antecipou a edição de hoje do O Estado de S. Paulo, que não tem mais a intenção de realizar uma oferta pública para aquisição de ações da companhia diretamente ou por meio do Clube de Investimentos TCA. “Reafirmo o meu entendimento de que a operação se dará no melhor interesse da companhia e dos seus acionistas, e estou certo de que a Estácio e a Kroton continuarão, juntas, a contribuir para a educação no Brasil”, destaca Zaher.
Desde 2 de junho, quando a Kroton anunciou o interesse em combinar seus negócios com os da Estácio, a companhia carioca virou alvo não só da líder do setor, mas também da Ser Educacional. A companhia pernambucana, porém, parece ter desistido do negócio desde a última reunião do conselho da Estácio, na semana passada, quando o colegiado aceitou analisar nova proposta da Kroton.