Economia

Lançamento de imóveis em SP é o menor desde 2004

Em meio às incertezas na economia e política, as construtoras e incorporadoras colocaram ainda mais o pé no freio no mês de fevereiro. Na cidade de São Paulo, apenas 171 unidades residenciais foram lançadas no período, o menor número já registrado em um mês desde 2004, quando começa a série histórica do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).

“É praticamente nada, esse resultado mostra que o mercado está parado aguardando uma modificação do cenário econômico. Não acredito que a gente tenha daqui para frente um mês tão ruim como esse”, afirma Flavio Amary, presidente do Secovi-SP.

Além do volume reduzido de lançamentos, houve concentração nas unidades de dois dormitórios, que responderam por 95% dos lançamentos, enquanto o restante ficou com os imóveis de três dormitórios. Nenhuma unidade de um ou de quatro dormitórios foi lançada em fevereiro pelas construtoras.

As vendas atingiram 836 unidades, uma queda de 12% em relação a janeiro, mas um avanço de 14,2% na comparação com fevereiro de 2015. “Essa alta se deve muito mais a um esforço de vendas a condições mais vantajosas do que a um aumento da procura pelos consumidores”, afirma Amary.

Apesar do avanço nas vendas em relação a fevereiro do ano passado, não dá para dizer que o mercado imobiliário está operando em um ritmo mais rápido do que nos anos anteriores. Nos últimos 12 meses, foram vendidas 20.465 unidades, o que representa 21,7% de queda em relação aos 12 meses anteriores. No mesmo intervalo, o volume de lançamentos atingiu 21,2 mil unidades, uma retração de 37,3%.

Essa combinação entre baixo número de lançamentos e tentativa de destravar as vendas por meio de descontos fez com que caísse levemente o estoque de imóveis disponíveis. Em fevereiro, a capital paulista uma oferta de 26.083 unidades, abaixo da média de 27 mil dos 12 últimos meses.

Futuro

O forte ajuste do mercado imobiliário ainda não tem data para acabar. Mas Amary, presidente do Secovi-SP, aponta as perspectivas para o médio e longo prazo.

Se houver retomada da confiança dos consumidores e empresas, ele acredita que esse ciclo de descontos no mercado imobiliário, principalmente nas compras à vista, pode se encerrar.
E, num horizonte mais longo, pode ocorrer nova pressão sobre os preços.

“O aumento dos custos, muito em função do Plano Diretor, vai encarecer os empreendimentos”, diz Amary. Além disso, ele pontua que o fraco número que lançamentos agora vai provocar um descompasso entre oferta e demanda quando a economia se estabilizar e a confiança dos consumidores melhorar.

O preço do metro quadrado em São Paulo ficou praticamente estável entre fevereiro e março, segundo os dados mais recentes do Índice FipeZap, que pesquisa na internet o preço anunciado de imóveis residenciais. No acumulado do ano, a capital paulista acumula avanço de apenas 0,13%.

Estoque no País

O retrato de São Paulo, principal mercado imobiliário, é uma amostra do que acontece nas demais regiões do País. Dados de 19 incorporadoras de abrangência nacional, levantados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), mostram que, no trimestre encerrado em janeiro, houve recuo de quase 15% nos lançamentos na comparação com o mesmo período do ano anterior, para 19,4 mil unidades.

Já as vendas apresentaram retração de 16,6% e atingiram 24,3 mil imóveis. O estoque – a oferta final de imóveis – atingiu 111,6 mil unidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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