Líder da oposição venezuelana se junta à família na Espanha

O líder da oposição venezuelana Leopoldo López chegou a Madri e se reencontrou com sua família neste domingo, 25, depois de deixar seu país, onde esteve refugiado por 18 meses na residência do embaixador espanhol. Economista de 49 anos, um dos fundadores do partido Vontade Popular, López disse, no Twitter, que "continuará lutando pela liberdade dos venezuelanos". Caracas acusou o embaixador da Espanha na Venezuela, Jesús Silva, de ser cúmplice no que chamou de fuga do opositor.

O Ministério das Relações Exteriores da Espanha confirmou a informação em nota. Segundo o governo do socialista Pedro Sánchez, López deixou a residência do embaixador por sua decisão "pessoal e voluntária". A chancelaria condenou as detenções de funcionários da Embaixada da Espanha em Caracas e as buscas realizadas nas casas de trabalhadores de representação após a saída de López. Segundo o ministério, elas violam a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas. Um segurança da delegação e uma funcionária de López foram presos no sábado, segundo uma fonte diplomática.

"Venezuelanos, esta decisão não foi fácil, mas tenham a certeza de que podem contar com esse servidor para a luta, de qualquer lugar. Não descansaremos e seguiremos trabalhando dia e noite para conseguir a liberdade que todos os venezuelanos merecem", afirmou o líder opositor em uma de suas mensagens postadas no Twitter neste domingo, acrescentando que em breve vai detalhar seus planos para continuar a lutar pela "liberdade" dos venezuelanos.

"Como sempre, das ruas com o povo, ou de uma prisão militar, de um tribunal injusto ou perseguido em uma embaixada, todo nosso tempo e energia serão para ser úteis ao povo venezuelano na conquista de sua liberdade."

O pai do opositor, Leopoldo López Gil, eurodeputado pelo Partido Popular (PP, de direita), escreveu no Twitter que já estava na companhia do filho. "Estou muito feliz de estar com meu filho em Madri e desfrutar de sua liberdade na companhia da família. Obrigado à Espanha por seu apoio consistente aos princípios democráticos", afirmou López Gil, no Twitter. Os pais do líder opositor têm nacionalidade espanhola desde dezembro de 2015, concedida pelo então governo do conservador Mariano Rajoy.

López Gil se recusou a indicar de que país partiu seu filho. No sábado, ele havia afirmado que depois de sair da residência do embaixador espanhol em Caracas, ele deixou a Venezuela "clandestinamente" pela fronteira com a Colômbia.

Uma fonte próxima da família afirmou que ele dará uma entrevista coletiva nos próximos dias em Madri, cidade que abriga outros líderes da oposição venezuelana que deixaram a Venezuela, como o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma.

"Maduro, você não controla nada. Burlando seu aparato repressivo, conseguimos levar ao território internacional nosso Comissionado para o Centro de Governo, Leopoldo López", indicou no Twitter Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino por meio de centenas de países, incluindo os EUA.

<b>Perseguição</b>

Leopoldo López sempre foi um dos críticos mais duros do regime chavista. Em agosto, quando o presidente Nicolás Maduro deu indulto a 110 opositores, entre políticos, jornalistas e ativistas, López não estava entre eles.

A saída de López da Venezuela abriu uma incógnita na liderança do bloco antichavista, na qual ele era um dos nomes mais importantes ao lado de Guaidó. Além disso, ela acontece pouco mais de um mês para as eleições legislativas na Venezuela, em 6 de dezembro, questionadas pela maioria da oposição.

O ativismo político de López vem sendo uma dor de cabeça para o chavismo desde 2014, quando ele apoiou manifestações de rua contra o regime. Diferentemente de outros líderes moderados da oposição, como Henrique Capriles, que aceitam buscar o poder por meio de eleições, López é considerado mais radical e sempre defendeu os protestos populares para redemocratizar a Venezuela.

Entre fevereiro e maio de 2014, os protestos incentivados por ele foram reprimidos com violência pelo regime. As manifestações deixaram 43 mortos, mais de 5 mil feridos e 3,6 mil presos. López foi para a cadeia, condenado a quase 14 anos por conspiração e incentivo à violência. Ele passaria a maior parte do tempo em Ramo Verde, uma prisão militar nos arredores de Caracas.

Em 2017 chegou a ter prisão domiciliar concedida, mas logo voltaria a ser perseguido de novo. Em abril de 2019, após participar de uma quartelada fracassada contra Maduro, ele se refugiou na embaixada do Chile, depois na espanhola – onde estava desde então. (Com agências internacionais)

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