As quase 130 mil lâmpadas de LED que iluminam bairros da periferia de São Paulo ainda não se reverteram em economia na conta de luz da cidade. A gestão Fernando Haddad (PT) precisaria notificar a troca de lâmpadas para a AES Eletropaulo, empresa fornecedora, para alterar o faturamento da conta, o que ainda não está concluído.
A conta de luz municipal é calculada não com base no consumo real, como nas contas comuns, mas em cima de estimativas de consumo de acordo com o parque elétrico: a Prefeitura monta um cadastro com o número de lâmpadas de cada potência e é estimado o consumo dessa lâmpada, caso ela ficasse acesa por 11 horas e 52 minutos por dia. Para que a lâmpada de LED faça a fatura cair, ela deve constar desse cadastro – e as antigas precisam sair da lista. Esse modelo é o da Resolução 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e vale para todas as cidades do País, pois não há relógios de consumo nos postes.
Em São Paulo, a primeira fase do programa LED nos bairros instalou 55 mil pontos de iluminação. As luzes de LED, além de iluminarem melhor, rendem economia de até 60% no consumo. A conta de energia de abril, entretanto, traz só um cadastro com 5 mil lâmpadas do tipo.
A empresa chegou a notificar a Prefeitura da necessidade da mudança, em ofício encaminhado ainda em abril. No texto, informa que acrescentou 195 mil kWh na conta, por causa das diferenças no cadastro do parque municipal. “Até que tenhamos a determinação oficial das potências a serem implementadas na fatura”, diz o ofício, “o montante de 195 mil kWh será acrescido no consumo a faturar, mensalmente”, diz o texto.
Estorno
O secretário municipal de Serviços, Alberto Serra, afirma que o cadastro correto só pode ser repassado à Eletropaulo quando a própria Prefeitura se certificar de que as novas lâmpadas estão instaladas.
“Fizemos uma medição de 60 mil lâmpadas e estamos repassando para a Eletropaulo”, diz. O secretário argumenta que o trabalho é lento, uma vez que o número de fiscais para o serviço é limitado. Serra afirma, entretanto, que a cobrança é retroativa. “Valores que pagamos a mais agora serão estornados quando eles receberem o cadastro atualizado.”
“É um cochilo da Prefeitura, que tem obrigação de informar a Eletropaulo sobre quais pontos foram alterados e sobre a nova potência das luminárias instaladas. Da forma como está, é um desperdício de dinheiro. A Prefeitura fez um investimento e não está obtendo a economia esperada”, afirma o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), Marco Poli.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.