Segundo um estudo realizado por um conselheiro municipal de Saúde, entre janeiro e setembro de 2015, as macas pertencentes aos veículos do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ficaram retidas nos principais hospitais da cidade por aproximadamente 4.800 horas. A retenção estaria gerando custo à Prefeitura e seria um dos motivos para os problemas aos atendimentos de demandas do município.
Sem as macas, que ficariam retidas porque os pacientes levados pelas viaturas não conseguem alojamento nas unidades de saúde, os veículos não podem voltar a operar e realizar novos atendimentos. A Secretaria de Saúde nega as retenções.
O GuarulhosWeb teve acesso a documentos com registros de entradas e saídas de ambulâncias durante os mês de janeiro e setembro de 2015, o total de horas acumulado chega a marca dos 4.828 horas. O recordista de espera é o Hospital Municipal de Urgências que registrou 2.264 horas. Os outros hospitais: Pimentas/ Bonsucesso – 575 horas, Hospital Geral de Guarulhos – 1.225 horas e Hospital Padre Bento – 764 horas.
O estudo realizado por Antônio do Vale, em parceria com Pedro Gomes, apontou o custo de R$177 por hora para cada ambulância em funcionamento na cidade, o que teria gerando um gasto para o município de R$ 854.910,00 no período avaliado. O cálculo foi baseado nos custos de cada viatura como manutenção, IPVA e combustível, além de funcionários, alugueis de espaços e equipamentos. Segundo Antônio do Vale, o relatório já foi apresentado em conselhos e assembleias de saúde. O mesmo estudo teria apontado que no primeiro trimestre de 2016, as macas ficaram paradas por cerca de 1.280 horas.
Segundo a Secretaria de Saúde, “são poucos os casos em que as macas ficam retidas por mais tempo e isso ocorre quando há excesso de demanda pelos serviços de urgência e emergência”. A pasta informa que cada ambulância conta com uma maca e que o tempo de permanência das viaturas é suficiente para que o paciente seja recebido e a equipe liberada.
Ainda segundo a Secretaria, a frota de Guarulhos conta com 20 ambulâncias, “cinco delas integram a chamada reserva técnica, para utilização sempre que necessário, e 15 ficam em operação diariamente, sendo 14 em Guarulhos e uma para o atendimento da cidade vizinha de Santa Isabel. Quando há qualquer avaria nas viaturas, elas são imediatamente recolhidas para a oficina, sendo substituídas por outras da reserva técnica”.
Na sexta-feira (8), seis viaturas estavam em manutenção e, segundo a Secretaria, foram devidamente substituídas. O serviço de Samu na cidade conta com 230 funcionários, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, rádio-operadores, telefonistas, condutores e outros.
Demora no atendimento
Em 1º de março de 2016, o GuarulhosWeb publicou reportagem sobre a morte de uma mulher, de 42 anos, que não resistiu após esperar por mais de três horas a chegada de uma ambulância do SAMU. Na ocasião a vítima teve um surto e acabou sendo imobilizada por policiais militares, que realizaram pelo menos três chamados antes de ter a solicitação atendida.
Segundo a Secretaria de Saúde, um médico regulador é responsável por liberar as ambulâncias e, naquele caso, os relatos dos solicitantes não teriam indicado a necessidade do envio da viatura.
Após a publicação, dezenas de pessoas através das redes sociais compartilharam histórias semelhantes de falta de atendimento e levantaram dúvidas sobre a qualidade do atendimento do serviço.