Em pouco mais de vinte minutos de entrevista coletiva, concedida na manhã desta quarta-feira, 16, após café da manhã com jornalistas em sua residência oficial, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disparou duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro e aos titulares da pasta da Saúde, Eduardo Pazuello, e da Economia, Paulo Guedes. Com relação a Bolsonaro, Maia o classificou de "insensível" pela forma negacionista com que trata a pandemia do novo coronavírus. Quanto a Guedes, o democrata disse que o ministro está enfraquecido no cargo e, por essa razão, não consegue fazer andar as reformas necessárias à retomada do crescimento econômico no País.
E coube para Pazuello, as críticas mais pesadas de Maia. Na coletiva, ele disse que o ministro vai muito mal, sempre foi apontado como um grande estrategista militar, mas se perdeu na condução da pasta no combate à covid-19. "(Pazuello) pode prejudicar imagem do Exército e comprometer (o País) com incompetência", emendou. No café da manhã com a imprensa, Maia foi mais longe: "o ministro da Saúde é um desastre. Um desastre para o País e para o governo. Acho que a sociedade já começou a entender isso, principalmente a área médica."
Na coletiva, Maia disse que os militares, numa referência a essa ala do governo Bolsonaro, estão sempre preparados pra comandar e não pra liderar. "Por isso, apesar de toda a competência e boa vontade dos ministros militares que estão no Palácio, há sempre uma maior dificuldade", disse, destacando que o maior problema nessa seara hoje é Pazuello. "Em relação à questão da logística, que diziam que era o forte dele, até agora não apresentou nada organizado, para as vacinas e nem para nada. E pode, com essa incompetência, comprometer tanto a solução para a vacina quanto para esse aumento no número de infectados, de mortes (pela covid-19), que precisaria de uma articulação melhor entre governo federal, Estados e municípios."
No café da manhã com jornalistas, Maia disse que Paulo Guedes tem uma narrativa correta e foi melhor no ano passado. Com relação à ala militar do governo, apesar das críticas a Pazuello, o deputado falou da admiração aos generais Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, e a Walter Souza Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil.
<b>Brasileiros anseiam por vacina</b>
Na coletiva, Maia destacou que milhares de brasileiros, ou milhões, não tiveram as condições de tratamento que homens públicos que foram contaminados pelo novo coronavírus, como ele próprio, Pazuello e Bolsonaro, tiveram. "Bolsonaro e Pazuello quanto pegaram covid, tiveram o melhor atendimento médico. Mas, milhares, ou milhões de brasileiros não tiveram condições que nós tivemos, eu também fui muito bem atendido. Os brasileiros anseiam pela vacina o mais rápido possível, é grave a insensibilidade Bolsonaro e falta sensibilidade também para o ministro da Saúde entender essa pandemia."
Na sua avaliação, a população está mais nervosa e apavorada nessa nova onda da covid-19 porque sabe que a estrutura hospitalar privada já não está atendendo, em razão do crescimento das internações, e também estão com as lotações no limite nas grandes cidades. Com relação à estrutura pública, no seu entender, faltam investimentos. "Falta modernização histórica do sistema SUS – que foi fundamental, sem ele a situação seria muito pior, eu que fui sempre crítico do SUS hoje sou um defensor. Talvez porque a população conheça o que significa a saúde pública no País, com todas as dificuldades, com todo o heroísmo dos nossos médicos, a população queira e anseie pela vacina o mais rápido possível."