O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta sexta-feira, 23, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que o presidente da República Jair Bolsonaro deve "atender os apelos" e seguir pelo "caminho do bom diálogo" no apoio ao desenvolvimento de todas as pesquisas de vacinas contra covid-19 em desenvolvimento no País. A fala vem na esteira da ação do presidente Jair Bolsonaro de cancelar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa, desenvolvida em parceria pelo Instituto Butantã em São Paulo.
"Tenho certeza que a vacina é fundamental, o senhor (Doria) pode contar com a Câmara para que a gente possa, com diálogo, com o governo (seguir com as pesquisas). Temos duas medidas provisórias que precisam ser votadas", disse Maia. "A gente restabeleceu o bom diálogo com o ministro (da Saúde, Eduardo Pazuello) e também com o presidente, que nos últimos meses tem tido um ótimo diálogo comigo, para falar a verdade, e espero que a gente possa construir através do diálogo a solução, não apenas para São Paulo, mas para todos os brasileiros que precisam dessa vacina e das outras, como a (da Universidade) de Oxford, e as que estiverem prontas para garantirmos proteção, principalmente ao grupo de risco", afirmou o deputado.
"Tenho certeza que o presidente da República vai ouvir nossos apelos e não vamos precisar de outro caminho que não seja o bom diálogo", completou ainda o presidente da Câmara. Maia disse ainda que esteve com o Bolsonaro na quinta-feira, 22, para reforçar o diálogo entre os Poderes, mas que não chegou a conversar com ele sobre a vacina.
O deputado foi questionado também sobre a obrigatoriedade da vacina. Maia respondeu que não cabe a ele decidir essa questão, mas que é necessário se ter vacina para todos. Ele falou ainda sobre a boa relação do Brasil com a China. "Não vejo problemas no Congresso com na relação com a China", disse.
<b>Consórcio</b>
Diante da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ignorar a vacina contra a covid-19, hoje em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, por causa de disputas políticas com o governador João Doria (PSDB) e o país de origem do imunizante, governadores e secretários de Saúde do País cogitam a possibilidade de se unirem em um consórcio. A ideia é financiar e distribuir a Coronavac, assim que houver a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A ideia ainda embrionária, porém, esbarra na dificuldade de se conseguir os recursos necessários para a realização do plano sem o apoio do governo federal. Representantes da gestão Doria pediram aporte de R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde no projeto, mas o valor total pode ser maior do que isso. A Coronavac está em fase três de testes, com humanos, a última desse tipo de estudo.