Opinião

Mais profissionalização no trabalho

Em mais uma comemoração de 1º de maio, dia do trabalhador, valem algumas reflexões sobre o momento que vive o Brasil em relação ao mercado de trabalho, quando há diversas notícias e estatísticas revelando uma boa oferta de vagas para profissionais qualificados. Ou seja, a automação nas indústrias, fenômenos que se acelerou a partir da segunda metade do século passado, aliada a um bom momento econômico, graças à estabilidade proporcionada pelo Plano Real, fez com que os trabalhadores se adequassem a esse novo momento.


Os índices de desemprego vêm caindo ano após ano. Em vários setores, falta mão de obra qualificada, em decorrência justamente da ausência – por anos – de programas profissionalizantes voltados para as necessidades do mercado. Segmentos que tiveram uma expansão  mais expressiva sofrem com a ausência de programas educacionais que pudessem preencher essas lacunas. Neste sentido, é tempo de valorizar projetos profissionalizantes, que sejam desenhados de acordo com as verdadeiras necessidades do mercado, levando em consideração as regiões onde estão inseridos e sua vocação econômica.


Até pouco tempo atrás, era comum perceber programas profissionalizantes, bancados com dinheiro do Fundo de Amparo do Trabalhador, usados por entidades sindicais como altas fontes de rendimento, sem, no entanto, proporcionar a qualificação necessária. Eram oferecidos cursos idênticos em diferentes regiões sem se levar em consideração as necessidades locais. Formava-se, por exemplo, um grande número de ferramenteiros em uma cidade sem qualquer oferta de vagas. Por outro lado, onde era necessário, isso não ocorria, causando grandes distorções neste sistema, além de desperdício de dinheiro público. 


Que o foco dos sindicatos e representantes dos trabalhadores tenham, nesta comemoração, uma visão mais aberta sobre as necessidades do mercado, priorizando temas que levem em consideração o avanço da economia como um todo e não apenas questões corporativas. Que os governos federal, estaduais e municipais, por sua vez, saibam compreender as verdadeiras demandas do trabalho, e promovam a modernização das relações entre empregadores e empregados, com medidas que visem a desoneração do setor produtivo, mas garantindo ganhos reais à classe trabalhadora, sem protecionismos mas com incentivos concretos.

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