Com apenas 11 Estados atendidos por transportes de passageiros sobre trilhos, o Brasil viu a sua malha de trens e metrôs crescer apenas 2,8% no ano passado. No período, foram apenas 21,7 quilômetros de linhas a mais que entraram em operação em todo o País. A expectativa era de 50 km. Entre janeiro e fevereiro deste ano, houve um acréscimo de 6,7 km.
Os dados da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) apontam que, atualmente, há 1.034 quilômetros de linhas de transportes de passageiros em operação. São 14 empresas que prestam os serviços divididos entre metrôs, monotrilhos, trens urbanos e veículos leves sobre trilhos (VLTs). Essa rede soma 44 linhas, 4.500 carros e 557 estações.
A tímida expansão do ano passado deve-se, basicamente, aos projetos do metrô do Rio de Janeiro, com a extensão de linha 4, do VLT carioca e do metrô de Salvador, na Bahia. Para 2017, a projeção de crescimento é de apenas 29 km. Ao todo, 24 novas estações entraram em operação em 2016.
“Ainda estamos muito atrasados em relação ao mundo. É uma taxa muito pequena quando comparada com redes de transporte que crescem em países continentais como a China, Índia ou Istambul,” comentou Joubert Flores, presidente do Conselho da ANPTrilhos, durante evento realizado em Brasília.
As atuais linhas de passageiros transportam 9,85 milhões de passageiros por dia em todo o País. Mais de 70% dessas viagens são a trabalho. Com a queda da economia, disse Flores, as linhas de São Paulo e Rio viram suas movimentações caírem pela primeira vez. “O que aconteceu agora é reflexo da crise econômica. Essa percepção está sendo sentida pela primeira vez nessas cidades. É a tradução da perda de empregos.”
Os dados apontam que há uma forte demanda reprimida. O Brasil tem hoje 19 projetos contratados ou em execução para transporte de passageiros. Há 27 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, volume que justifica a instalação de transportes de passageiros, mas somente 13 delas têm trilhos para a população.
Estudos da Confederação Nacional do Transporte (CNT) listaram uma carteira de 25 projetos prioritários para atender a uma demanda reprimida do setor. Esses empreendimentos somam um total de 850 km. Segundo a diretoria da ANPTrilhos, teria de dobrar o ritmo atual das obras, durante os próximos 20 anos, para que se atenda somente a demanda reprimida que já existe.
Diariamente, a rede atual tira da rua cerca de 1,1 milhão de carros e 16 mil ônibus, além de gerar uma economia de aproximadamente R$ 22 bilhões, em termos de redução de menos acidente, menos combustível, emissão e tempo de viagem. O setor emprega hoje 40.355 pessoas, com previsão de chegar a 60 mil pessoas em 2020.
Na semana passada, conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo federal firmou apoio para dois projetos “intercidades”, previstos para ligar São Paulo – Americana e Brasília – Goiânia. Os acordos com os governos estaduais preveem que as atuais faixas de domínio das linhas de carga sejam liberadas para a construção de linhas de passageiros.