Quando anunciaram que montariam uma nova versão do musical <i>Mamma Mia!</i>, os diretores e produtores Charles Möeller e Claudio Botelho ouviram o mesmo comentário: "Ah, aquele espetáculo com canções do Abba e texto bobinho". "É um engano, pois se trata de uma dramaturgia inteligente que aposta na autonomia feminina, tanto pela mãe como pela filha", comenta Möeller. "E, como a trama acontece durante 48 horas, o humor e o drama estão bem dosados no texto", completa Botelho. Depois de uma temporada de sucesso no Rio, <i>Mamma Mia!</i> chega à capital paulista para uma curta temporada no Vibra São Paulo, de 21 a 28 de julho.
De fato, desde a sua estreia, em 1999, em Londres, o musical é um sucesso planetário graças à alegria que transmite ao público, à trilha sonora espetacular (são apresentados clássicos do Abba como Dancing Queen, Mamma Mia, The Winner Takes it All, Money, Money, Money, entre outros), ao fato de celebrar a segunda chance e por se ambientar numa ilha grega.
<b>SONHO</b>
É justamente nesse ambiente solar que acontece a história de Donna (Claudia Netto), que se refugiou nessa região paradisíaca, onde criou sozinha a filha Sophie (Maria Brasil), fruto de uma paixão fugaz durante a ressaca do sonho hippie de paz e amor. A garota está para se casar com Sly (Diego Montez) e tem um sonho: Sophie cresceu sem a presença do pai e, agora, descobriu em um velho diário da mãe três alternativas possíveis de candidatos, que são Sam Carmichael (Sérgio Menezes), Harry Bright (André Dias) e Bill Austin (Renato Rabelo). Para isso, ela escreve cartas aos três, chamando-os à ilha. Dessa forma, espera identificar o pai tão logo ele surja na sua frente, mas não é isso o que ocorre.
Inicialmente incomodada com a surpreendente situação de ser obrigada a confrontar três momentos do seu passado ao mesmo tempo, Donna busca apoio em duas amigas da juventude, Tanya (Maria Clara Gueiros) e Rose (Gottsha). Como não têm a obrigação de seguir rigidamente o modelo original, Möeller e Botelho puderam aprofundar temas que hoje ganharam mais protagonismo, como empoderamento feminino e liberdade sexual.
"Donna não precisou da presença masculina para criar sua filha", observa Möeller que, durante a pandemia, voltou a pintar e a desenvolver maquetes e estudos de cenários, mergulhando novamente na direção de arte, função que nunca deixou de desenvolver em todos os seus espetáculos. "Ela é uma mãe muito moderna, pois fala para a filha não se casar e viver a vida, se aventurar."
<b>FOCO</b>
"Com isso, o espetáculo começa com o foco em Donna para, em seguida, olhar para Sophie, duas mulheres que pregam pela liberdade em tempos distintos", completa Botelho – ele assinou a versão montada em 2010. Como da outra vez, só foram traduzidas as canções que ajudam a narrar a trama.
"Busquei aprimorar algumas frases para destacar a poesia do texto." A liberdade criativa é fruto da desobrigação de seguir rigidamente o original inglês, o que confere um toque especial à produção, que marca o reencontro da dupla com a produtora Aventura, de Aniela Jordan e Luiz Calainho.
"Outro fator importante é que não interessa a cor da pele, daí a importante presença de um ator negro, como Sérgio", comenta Claudia. "Quando entro em cena, não me preocupo se sou afrodescendente", diz ele.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>