O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, afirmou em depoimento à CPI da Covid que o contrato com o Ministério da Saúde para compra da Covaxin previa pagamento diretamente para o fabricante, no caso, a Bharat Biotech, na Índia. O empenho de R$ 1,6 bilhão, porém, foi feito à Precisa, mas o empresário se recusou a dar esclarecimentos sobre o procedimento. Além disso, não respondeu sobre a pressão da empresa para o ministério acelerar a importação da Covaxin.
Maximiano confirmou que o contrato estabelecia a compra de 20 milhões de doses a US$ 15 a unidade, mas não explicou a mudança de preço ao longo da negociação. Ele repetiu a versão dada pela diretora da empresa, Emanuela Medrades, de que o preço foi estabelecido pela companhia indiana e que a Precisa conseguiu fechar um contrato com o valor mínimo exigido pela fabricante.
A CPI da Covid suspeita da atuação da Precisa como intermediadora e de favorecimento do governo federal a esse contrato na contramão de outros laboratórios, além do aumento no preço ao longo da negociação. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou a atenção para a ausência de informação sobre a remuneração da Precisa na negociação com o laboratório indiano.
<b>Preço mais caro</b>
A controvérsia foi levantada após reunião do ministério com representantes da Bharat Biotech e da Precisa no dia 20 de novembro no ano passado. Na ocasião, segundo registrado no documento intitulado "Memória do Encontro" do ministério, foi informado o valor de US$ 10 com a possibilidade de o preço baixar a depender da quantidade de doses que o governo brasileiro comprasse. Mas o contrato foi fechado em fevereiro deste ano a um preço de US$ 15 por unidade.