MDB cobra apoio do Planalto em eleição no Senado

A aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado, levou o MDB a cobrar apoio do Palácio do Planalto na disputa. Pacheco terá como principal adversário um candidato emedebista, que deve ser definido até o dia 15.

O Republicanos, partido do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente, declarou nesta sexta, 8, a adesão à campanha de Pacheco. O anúncio expôs a aproximação do governo com o nome escolhido por Alcolumbre para a sua sucessão e fez o MDB se queixar com o Planalto. A eleição que vai renovar o comando da Câmara e do Senado está marcada para fevereiro.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), se reuniu ontem à tarde com Bolsonaro. Pré-candidato à presidência da Casa, Bezerra Coelho está em campanha e tem pedido voto aos colegas.

Bolsonaro, no entanto, mantém a disposição de apoiar Pacheco, líder do DEM, mesmo contrariando o MDB. Para não criar mais melindres, o presidente não deve fazer uma declaração pública.

"O Republicanos acredita que o senador Rodrigo Pacheco tem o preparo necessário para conduzir os trabalhos da Casa, com coerência e determinação e que, de forma conciliadora, saberá lidar com as demais instituições sempre com respeito à Constituição Federal", diz a nota assinada pelo líder do Republicanos no Senado, Mecias de Jesus (RR).

Embora tenha apenas dois senadores, a bancada do Republicanos indica para onde vai o governo nessa disputa, já que abriga Flávio Bolsonaro. Pacheco atraiu, ainda, o apoio do PSD e do PROS. As bancadas que fecharam com ele somam 21 votos. O PT, com seis senadores, também está prestes a compor essa aliança.

O aval dos petistas ao deputado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara empurra o partido a avalizar Pacheco para o comando do Senado. O motivo alegado é evitar que o MDB volte a ter o comando das duas Casas do Legislativo.

Além de Bezerra Coelho, o MDB tem outros três pré-candidatos. Estão no páreo Eduardo Braga (AM), Simone Tebet (MS) e Eduardo Gomes (TO), que é líder do governo no Congresso. De todos esses nomes, apenas Tebet não tem qualquer aproximação com o Planalto. Apesar de Baleia Rossi na Câmara se apresentar como uma chapa que prega independência do Executivo, no Senado o MDB é governista.

Para tentar barrar uma aliança do DEM com o PT, Braga — que lidera a bancada do MDB — fez ontem uma reunião virtual ontem com senadores petistas. Apelou para que o PT adie o anúncio de apoio que se prepara para fazer na próxima segunda-feira, mas o partido está praticamente fechado com Pacheco. Se vencer, o líder do DEM prometeu ao PT a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que hoje está com o Podemos.

O avanço do candidato de Alcolumbre poderá fazer Eduardo Gomes e Bezerra Coelho desistirem da disputa. Integrantes do PSDB, por exemplo, negociam uma aliança, mas rejeitam os dois nomes por serem líderes do governo no Congresso e no Senado, respectivamente.

"Eles vão precisar decidir o que fazer. O importante é que seja uma pessoa mais independente, que o Senado fique à altura. Não dá para ficar submisso ao Executivo ou apenas carimbando medida provisória", disse o líder em exercício do PSDB no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF).

O PSDB avalia a possibilidade de montar um bloco com Cidadania, Podemos e PSL para derrotar Alcolumbre, podendo inclusive apoiar o MDB. Juntos, esses partidos reúnem até 22 votos, mas não há consenso dentro das bancadas para apoiar um nome único. A falta de acordo pode levar o grupo a lançar vários candidatos.

<b>Acordos</b>

Outras bancadas também se movimentam para definir, na próxima semana, se apoiarão Pacheco ou o candidato do MDB. O Progressistas, presidido pelo senador Ciro Nogueira (PI), mantém conversas com os concorrentes em articulação paralela com a Câmara. O partido tenta favorecer Arthur Lira (AL), chefe do Centrão e seu candidato na Câmara, tirando votos do DEM de Rodrigo Maia (RJ), que está aliado a Baleia.

Em conversas reservadas, integrantes do Centrão dizem que as traições na Câmara podem levar o Progressistas a apoiar o DEM no Senado. Para que um candidato seja eleito presidente da Casa precisa ter o apoio de 41 dos 81 senadores.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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