Estadão

Melhor atriz do Oscar: veja trajetória de Emma Stone e o que ela disse sobre Pobres Criaturas

Emma Stone foi anunciada como a vencedora do Oscar de melhor atriz em 2024 na noite de domingo, 10, por seu papel na fantasia cômica <i>Pobres Criaturas</i>. É seu segundo prêmio na categoria: em 2017, recebeu a estatueta por<i> La La Land</i>.

A categoria foi a maior surpresa da noite. A disputa estava acirrada entre Emma e Lily Gladstone, de <i>Assassinos da Lua das Flores</i>, pendendo mais para a segunda. Mas a plateia vibrou: Emma concebeu uma das melhores interpretações da temporada ao viver a peculiar Bella Baxter, moldando com destreza sua linguagem verbal e corporal para acompanhar o amadurecimento da personagem.

<i>Pobres Criaturas</i>, do cineasta grego Yorgos Lanthimos, estava indicado a 11 categorias, das quais venceu quatro. Adaptado de um romance do britânico Alasdair Gray, o filme é uma versão do clássico <i>Frankenstein</i>. Bella Baxter (Stone) é uma mulher trazida de volta à vida graças às artimanhas do cientista Dr. Godwin (Willem Dafoe): com um cérebro de bebê, ela vai conhecer o mundo, evoluindo com velocidade. É através das esquisitices de suas descobertas que o longa discute temas como existencialismo, sexualidade e liberdade feminina.

A vitória veio com gostinho especial para Emma, já que a atriz também assina como produtora do longa. Na campanha pelo Oscar, ela vinha exaltando o projeto enquanto uma parceria criativa com Lanthimos. "É sobre uma equipe que se uniu para fazer algo maior que a soma das partes. E essa é a melhor parte de fazer filmes, estamos todos juntos", ressaltou em seu discurso de agradecimento.

<b>O que a atriz disse sobre Pobres Criaturas</b>

Pobres Criaturas é o que costumam chamar de "polêmico": recheado de cenas de sexo e nudez, o filme recebeu críticas, e, por bancar tais passagens, Emma Stone foi considerada destemida. Em entrevista que contou com participação do <b>Estadão</b>, a atriz disse não concordar com o rótulo. "As pessoas falam muito do sexo e da nudez como se isso fosse a coisa mais corajosa que um ator pode fazer. Mas eu não concordo com isso, neste caso. O que é inspirador na personagem e intrigante de interpretá-la é que cada aspecto de sua vida é novo, e ela aprende com cada um deles, seja o sexo, a dança, a política, a filosofia ou a comida. Para mim, o sexo é parte do que acontece a uma pessoa que está se desenvolvendo rapidamente."

Outra discussão que o filme promoveu leva em conta que o longa tem uma protagonista feminina que esbanja liberdade sexual, mas é dirigido e escrito por homens. Por isso, há quem considere que Pobres Criaturas explore o corpo feminino para deleite das plateias masculinas.

Emma confessou ficar irritada com tal visão. "Porque isso tira a minha agência. Eu produzi o filme. Participei de cada etapa. Para mim era importante contar a história exatamente da maneira como fizemos. Sim, Yorgos é homem. Mas eu gostaria que as pessoas não desprezassem a minha participação na criação de <i>Pobres Criaturas</i>", disse. Segundo Emma, Bella Baxter é a personagem favorita que fez até o momento.

<b>Relembre a trajetória de Emma Stone</b>

Aos 35 anos, Stone ostenta um currículo extenso e, por que não, diverso. É uma atriz que todo mundo identifica por pelo menos uma produção. No começo da carreira, ela se destacou em filmes que tendiam ao besteirol, voltados ao público adolescente, como <i>Superbad – É Hoje</i> (2007), <i>Zumbilândia</i> (2009) e <i>A Mentira</i> (2010), além de ter vivido Gwen Stacy na franquia <i>O Espetacular Homem-Aranha</i>, protagonizada por Andrew Garfield. Também investiu em comédias românticas, como <i>Amor a Toda Prova</i> (2011). <i>Espirituosa</i>, já conquistava o público desde então.

Logo passou a integrar o elenco de filmes premiados, como<i> Histórias Cruzadas</i> (2012) e <i>Birdman</i> (2014). Em 2017, ganhou o Oscar de melhor atriz pelo papel em <i>La La Land: Cantando Estações</i>. No musical, ela interpreta uma aspirante à atriz, contracenando com Ryan Gosling e provando que sabe dançar e cantar. Mais recentemente, deu vida à vilã Cruella de Vil no filme <i>Cruella</i>, da Disney, que deve ganhar uma sequência em breve.

A parceria com o cineasta Yorgos Lanthimos começou em <i>A Favorita</i> (2018), que também foi indicado ao Oscar. Naquele ano, Emma concorreu como melhor atriz coadjuvante, mas não levou. Olivia Colman, sua parceira de cena, faturou a estatueta de melhor atriz.

O longa é ambientado na Grã-Bretanha do século 18, sob o comando da rainha Anne (Colman), já numa fase da sua vida em que estava doente e com dificuldades. A atenção da rainha passa a ser disputada por Sara Churchill (Rachel Weisz), a duquesa de Marlborough, com quem mantinha uma relação íntima em segredo, e a recém-chegada Abigail Masham (Stone), determinada a tomar o posto de favorita da monarca.

Com sua bizarrice particular, Lanthimos extrai uma performance saborosa e divertidíssima de Emma, inaugurando uma nova fase de sua carreira. Foi justamente naquela época que os dois começaram a conversar sobre Bella Baxter.

Em 2023, além de brilhar no cinema com <i>Poor Things</i>, Emma também apostou no streaming. Ela estrelou a série <i>The Curse</i> (disponível na Paramount+), uma comédia ácida sobre um casal de apresentadores de um programa de TV sobre reforma de casas que precisam lidar com uma maldição.

Posso ajudar?