Opinião

Mensalão, sete anos depois, ainda pode mudar o país?

Tirando os meios político e jurídico, além obviamente a imprensa, será que a população brasileira se importa realmente com o julgamento do Mensalão, sete anos depois das denúncias virem a público e não terem atrapalhado os planos do então presidente Lula de se reeleger em 2006 e fazer sua sucessora em 2010? As principais revistas semanais, que começaram a circular no sábado, além dos maiores jornais do país, trouxeram grandes reportagens para esquentar o assunto. José Dirceu, o ex-homem forte do governo Lula e todo poderoso do PT, é o alvo principal, já que aparece como o grande mentor do esquema. Pelo que aparece nas denúncias, difícil acreditar que os mensaleiros sairão livres. Mas o que isso tem a ver com o destino do país?


 


Apesar de distante do que pensa a população, o país está dizendo que, mesmo em um governo que terminou popular e elegeu o sucessor, certas práticas não são admitidas. O recado independe do resultado final; uma decisão dos juízes. O presidente Lula era popular em 2005 quando se soube que uma complexa engenharia financeira criava dutos pelos quais escorria dinheiro para o bolso de políticos ligados ao governo.


 


O Congresso fez a Comissão Parlamentar de Inquérito, a Polícia Federal abriu investigação, o Ministério Público ofereceu denúncia definindo o grupo como organização criminosa, o relator no Supremo apresentou um voto denso e pediu o julgamento. Foi seguido pela Corte. A ampla defesa foi e continuará sendo garantida. Sete anos depois, o assunto não foi esquecido apesar de – até agora – o PT não ter sido condenado nas urnas.


 


A grande pergunta que fica agora é se uma possível condenação da Justiça poderá, de alguma forma, mudar essa sensibilidade popular. O apoio ao governo aumentou no segundo mandato, e o ex-presidente Lula permanece sendo uma liderança com expressiva popularidade. Será que neste momento o quadro muda? A oposição espera que sim. E esse deve ser realmente o maior temor do PT. Se isso ocorrer, muitos candidatos – se a questão for bem explorada nas campanhas municipais – poderão sucumbir apesar de seus favoritismos locais. De outro lado, muitos tentarão perpetuar a ideia de que o Mensalão é coisa do além.

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