O dólar passou a cair ante o real sob influência externa nesta sexta-feira, 16, após abrir com viés de alta em meio a ajustes. Os investidores se ajustam ao viés negativo da moeda americana frente a divisas principais e as ligadas a commodities no exterior, segundo o gerente de mesa de derivativos de uma gestora de recursos. Para ele, a leve alta inicial refletiu ajustes habituais de início de sessão.
A fonte afirma que o mercado minimiza a possível suspensão da reforma da Previdência, cuja apreciação estava prevista para começar na próxima semana, por causa da decisão do governo de decretar intervenção na segurança do Rio. O anúncio oficial da intervenção poderá ser feito à tarde, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A decisão do governo foi tomada na madrugada desta sexta-feira. Pela legislação, enquanto a intervenção vigorar, não pode haver alteração na Constituição. Ou seja, nenhuma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), como é o caso da reforma da Previdência, pode ser aprovada. Uma ideia é decretar a intervenção e suspender seus efeitos apenas por um dia, para a votação das mudanças nas regras da aposentadoria.
A consultoria Rosenberg disse ao Broadcast, mais cedo, que a percepção já era de não aprovação da reforma e que os mercados devem seguir o cenário externo.
O mesmo gerente de mesa de derivativos mencionado atribui ainda a inversão de sinal do dólar para o lado negativo ao bom humor dos investidores com a inflação doméstica e os dados de serviços também ajudam. Além disso, ele destacou a arrecadação da Receita Federal em 2017 e sobretudo em relação à cobrança dos inadimplentes. “Isso ajuda pelo lado fiscal do governo e anima os investidores”, avalia.
O volume de serviços prestados no País teve um avanço de 1,3% em dezembro de 2017 ante novembro, na série com ajuste sazonal. No mês anterior, houve alta de 1,0%. O resultado de dezembro ante novembro veio bem mais forte que a mediana das estimativas do mercado financeiro (+0,25%).
O dado ficou dentro do intervalo das 18 estimativas captadas pelo Projeções Broadcast, que iam de recuo de 0,40% a elevação de 1,80%. Na comparação com dezembro do ano anterior, houve elevação de 0,50% em dezembro de 2017, já descontado o efeito da inflação. O resultado superou o teto do intervalo das projeções, que iam de uma queda de 1,50% a crescimento de 0,30%, com mediana negativa de 0,50%.
Lá fora, preocupações crescentes com o tamanho dos déficits dos EUA, especificamente como Washington irá financiar tanto os gastos do governo quanto cortes de impostos, pesam contra o dólar. Mais cedo, o iene atingiu nova máxima em 15 meses em relação ao dólar, enquanto o euro avançou ao maior valor do ano. “No curto prazo, não prevemos muito que possa virar essa tendência negativa do dólar,” diz o ING, estimando que o euro/dólar poderá em breve testar a barreira de US$ 1,2670.
Às 9h36 desta sexta, o dólar à vista caía 0,18%, aos R$ 3,2237. O dólar futuro de março recuava 0,28%, aos R$ 3,2290.
Mais cedo foi revelado que o IPC-S desacelerou de 0,70% na primeira leitura do mês para 0,46% na segunda quadrissemana. Já o IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, desacelerou de 0,25% na primeira leitura do mês para 0,03% na segunda quadrissemana. (Silvana Rocha – [email protected])
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