O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que mesmo com as regras previstas no novo arcabouço fiscal, que ainda precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados, os gastos no Brasil devem crescer acima da média dos países emergentes. De acordo com ele, o País precisa discutir a estrutura do gasto público, e reduções feitas nos últimos governos foram conjunturais, como o congelamento dos reajustes salariais do funcionalismo público.
"No Brasil, se gastou em termos reais muito mais do que no mundo emergente nos últimos anos e mais do que no mundo desenvolvido", disse ele, durante participação em evento do Santander, realizado em São Paulo nesta terça-feira.
Campos Neto afirmou que, ainda assim, é importante o País ter um arcabouço fiscal com credibilidade.
Na apresentação feita por Campos Neto, os dados apontam um crescimento real de 7,5% na despesa do governo geral no Brasil neste ano, contra uma média de 1% na América Latina. Para o ano que vem, as projeções são de queda de 1% no Brasil e de 2,7% no continente; em 2024, apontam para alta de 3,3% no Brasil, e queda de 0,9% na América Latina.
"Isso significa que nós temos um trabalho para fazer em termos de gastos, e que não é um trabalho fácil, não é uma coisa desse governo nem de outro governo, é uma coisa estrutural brasileira", disse ele. "Nós tivemos alguns momentos onde tentaram cortar gastos, mas em grande parte foi conjuntural, não foi estrutural."