Minas Gerais está criando um grupo de trabalho para viabilizar a construção do gasoduto de 500 quilômetros, que ligaria a cidade de Queluzito, na região de Campo das Vertentes, a Uberaba, podendo até chegar a Uberlândia (ambas no Triângulo Mineiro) para abastecer a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados José Alencar (Fafen-JA), da Petrobras.
Em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os parlamentares mineiros presentes na reunião fizeram requerimento para a formação da comissão. E argumentaram de que a Petrobras é quem estaria inviabilizando o projeto.
No encontro desta terça-feira, 14, o discurso mudou um pouco da audiência pública anterior realizada há um ano. Na ocasião, o questionamento era a viabilidade financeira para a construção do gasoduto, que esbarrava em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que poderia favorecer uma venda do capital da Gasmig, empresa de gás da Cemig, responsável pelo projeto. Os parlamentares, principalmente os da oposição na época, falavam em privatização da Gasmig.
Hoje, o consenso entre os participantes era de que a suspensão da construção da fábrica da Petrobras é que inviabiliza o gasoduto. E a criação do grupo de trabalho, com a participação de representantes do governo mineiro, parlamentares, Fiemg, Cemig, Gasmig, Codemig, prefeitos e vereadores, sob a coordenação do governador Fernando Pimentel (PT), seria para se buscar uma solução breve para tirar o projeto do papel.
A Petrobras não enviou representante, dizendo, em carta à assembleia, que tinha compromisso firmado anteriormente, uma reunião de diretoria no Rio de Janeiro. Em reportagem no dia 7 de julho, a petrolífera afirmou que colocou em suspenso a construção da unidade, alegando tanto um momento desfavorável para o setor em demanda por amônia, quanto a demora da Gasmig em viabilizar a construção do gasoduto. O unidade já possui 30% das obras realizadas e investimentos aportados de mais de R$ 800 milhões.
“Desde o início da nova gestão estamos trabalhando no gasoduto. A Gasmig tem uma equipe muito qualificada e nós avançamos no projeto. A Petrobras já dava sinais há meses de que estava prosseguindo com o empreendimento de forma muito lenta, dando a entender que não levaria adiante. Nós nunca nos negamos em sentar com eles, em buscar novos prazos. Não foi de maneira nenhuma por conta do duto”, disse o presidente da Gasmig, Eduardo Andrade, que participou da audiência pública. “A planta de amônia é a grande alavancadora do gasoduto. Sem a fábrica fica muito difícil viabilizar o gasoduto”, ressaltou.
Ele informou que conversas com a Petrobras e aportes para viabilizar a construção do gasoduto estão sendo feitas via Cemig. Segundo ele, a ordem de aportes no duto pode chegar a R$ 2 bilhões. “Serão cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos por dia passando no gasoduto e a maior consumidora será a fábrica, com 1,3 milhão de metros cúbicos por dia”, declarou.
Financiamento
Já o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Altamir Rôso, disse que a construção do gasoduto depende mais da Petrobras do que do governo mineiro, mas que ao mesmo tempo, há também questões sobre o financiamento do projeto.
Segundo ele, o governo do Estado assinou protocolo de investimentos com a Petrobras sob pena de multa “altíssima” caso um ou outro não cumprisse o contrato. “Mas existem ainda questões de viabilidade financeira do projeto e vejo com bons olhos uma participação da iniciativa privada. Hoje, os dois lados têm fragilidades, na verdade”, admitiu.