A Polícia Civil da Bahia apresentou nesta quarta-feira, 26, a conclusão do inquérito sobre a morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, em fevereiro, após mais de um ano foragido da Justiça do Rio. Acusado de chefiar o Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel, e também citado no caso das "rachadinhas" no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Adriano resistiu à prisão disparando sete tiros antes de ser alvejado duas vezes pelos policiais, conclui o inquérito.
Os peritos descartaram qualquer hipótese de que ele tenha sido executado e torturado. O corte na cabeça, usado para questionar se ele teria sofrido coronhadas, seria, segundo o inquérito, um machucado produzido após a queda dele, ao bater em algum objeto – uma quina da parede, por exemplo. "Praticamente não tem reação vital. Esse ferimento estaria bem vermelho. É uma lesão depois dos disparos. O coração não teve força para jogar sangue. Pode ter sido feito no momento em que ele caiu, no momento do socorro. Mas não é, de jeito nenhum, uma lesão feita em vida", afirmou Mário Câmara, diretor do Instituto Médico Legal.
Os policiais foram recebidos a tiros pelo miliciano, segundo o perito José Carlos Montenegro, do Departamento de Polícia Técnica. Em pé, Adriano teria efetuado sete disparos em cerca de cinco segundos. Segundo a polícia, todas as marcas observadas nas paredes da casa foram feitas por balas disparadas pela pistola Glock de Adriano.
Ao perceber que ele não aceitaria ser preso, os agentes do Bope reagiram. O primeiro disparo que atingiu o miliciano foi feito pelo tenente, e o segundo, por um dos dois soldados que entraram na casa. Toda a ação durou seis minutos e meio, concluiu a polícia.
A ideia de um terceiro tiro, supostamente dado à queima-roupa, foi descartada pelos laudos. Essa impressão, conclui o inquérito, foi causada por uma perfuração provocada por um dos dois tiros, que entrou pela costela e percorreu o corpo de Adriano de baixo para cima, até sair pelo pescoço.
<b>Fotos</b>
Em coletiva de imprensa, ontem, as autoridades baianas criticaram a divulgação de imagens extraoficiais na internet, inclusive pela família Bolsonaro, logo após a morte do miliciano, para endossar a teoria de que ele foi executado. "Não somos polícia de governo, somos polícia de Estado. Nossa preocupação em todo o momento foi verificar se houve ilegalidade na ação policial", disse o delegado Marcelo Sansão, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO).
A polícia ainda investiga, em parceria com o Rio, a suposta lavagem de dinheiro praticada por Adriano na Bahia por meio de imóveis e gado.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>