O Ministério da Saúde autorizou a ampliação "emergencial e temporária" de 72 vagas para profissionais do Programa Mais Médicos para Manaus. A extensão das vagas é válida por um período improrrogável de um ano, segundo portaria da pasta publicada no <i>Diário Oficial da União (DOU)</i> desta terça-feira, 19.
O sistema de saúde da capital do Amazonas entrou em colapso em virtude do agravamento da pandemia de covid-19 na cidade. A situação de Manaus piorou muito desde a semana passada, quando começou a faltar oxigênio hospitalar para tratar pacientes, o que provocou várias mortes por asfixia.
A portaria da Saúde diz que o provimento das vagas será realizado via edital de chamamento público de médicos e que os profissionais que passarem pela seleção serão alocados no município de Manaus e continuarão a desempenhar suas atividades no âmbito do projeto até o prazo final do termo de adesão e compromisso.
Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, concedeu entrevista coletiva à imprensa sobre Manaus e novamente tentou afastar do governo federal qualquer responsabilidades pelo colapso de saúde de lá. A falta de oxigênio na cidade atinge pacientes de covid-19 e até bebês prematuros.
"Fizemos tudo o que tinha de fazer. Estamos fazendo e vamos continuar fazendo", disse Pazuello durante a entrevista. O general negou lentidão do governo federal para oferecer ajuda na entrega de insumos como o próprio oxigênio.
O governo federal disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que soube dias antes do colapso em Manaus, no dia 8 de janeiro, da iminente falta de oxigênio. No dia seguinte, segundo Pazuello, ele e sua equipe embarcaram para Manaus e houve reforço na entrega de insumos.
Uma viagem do ministro Pazuello a Manaus na última semana, no entanto, ficou marcada pela defesa do uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina.
Em dezembro, o presidente Jair Bolsonaro apoiou protestos feitos no Amazonas que levaram o governador Wilson Lima (PSC) a desistir do fechamento do comércio. "Sei que a vida não tem preço. Mas não precisa ficar com esse pavor todo", disse Bolsonaro em 28 de dezembro. "Vi que o povo em Manaus ignorou o decreto do governador do Amazonas", completou. Menos de um mês mais tarde, as aglomerações de fim de ano são apontadas pelo próprio governo local como determinantes para a explosão de internações e mortes.