Lançado há cerca de dois meses, o raio-X do Sócio Rei permite traçar o perfil do torcedor que optou por se ligar ao Santos. Ele é, em sua maioria, morador do estado de São Paulo (92,2%), de Santos (30,87%), homem (83,07%) e possui entre 35 e 44 anos (20,65%). Entre esses porcentuais absolutos, porém, se escondem histórias de paixão pelo clube.
É o caso de Eduardo Bispo, de 23 anos. O estudante de Letras é de São Vicente, mas não a cidade do litoral paulista, a terceira com mais cadastrados no Sócio Rei, atrás apenas de São Paulo e Santos, mas de uma pequena localidade do Rio Grande do Norte, com pouco mais de 6 mil habitantes.
Ele aproveitou o desconto de 50% na associação do programa Silver – a mensalidade cobrada é de R$ 13,50 para quem aderiu ao programa a partir de abril – para realizar um sonho antigo de se ligar oficialmente ao clube, mesmo estando quase 3 mil quilômetros distante da Vila Belmiro. "Mesmo sem o futebol, é uma contribuição pelo que o Santos faz por mim", justificou.
Eduardo, aliás, nunca esteve no estádio do clube ou possui parentes que torcem pelo Santos. E só viu a equipe ao vivo uma vez, no fim de 2018, em partida contra o Sport, na Ilha do Retiro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Mas usa bem as palavras para justificar a sua paixão. "O Santos é uma ferramenta mundial de entretenimento, é como se fosse a minha família", disse.
A sua associação, porém, faz parte de um contexto maior. É do Rio Grande do Norte que veio a maior parte de associações de fora de São Paulo nesse período de paralisação do futebol. O estado, agora o sétimo mais bem ranqueado, possui 116 inscritos no Sócio Rei, sendo que antes da crise eram apenas 17.
O estudante fez parte de uma mobilização da torcida do Santos em Mossoró para passar a contar com um "consulado" oficial. São necessários 100 associados, em uma iniciativa do clube para conquistar sócios em regiões mais distantes. "Eu mesmo consegui um três ou quatro sócios", afirma.
Para o Santos, a maior adesão de torcedores de fora de São Paulo em um período de paralisação também possui relação com um modo diferente de enxergar o time e a relação com ele. "O torcedor afastado do estádio que não tinha o desejo de virar sócio, aproveita a promoção do preço e a necessidade que enxerga de ajudar o clube, se ligando a esse apelo da identidade com o clube", avalia Marcelo Frazão, diretor de comunicação e marketing do Santos.