O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo (MDIC), Armando Monteiro, afirmou nesta segunda-feira, 15, que, no atual momento de ajuste fiscal, com impacto inicial negativo sobre a atividade doméstica, é preciso buscar alternativas para amortecer os efeitos negativos. “Não há dúvida alguma de que o canal da exportação e o comércio exterior são irrecusáveis”, comentou, durante o seminário “Uma Agenda para Dinamizar a Exportação de Serviços”, realizado nesta manhã em São Paulo.
Segundo ele, quando se perde demanda doméstica, deve-se buscar contratar demanda externa. Monteiro afirmou que o plano nacional de exportações que será lançado ainda este mês pelo governo requer um reposicionamento da política comercial brasileira, que tem de se integrar de forma mais efetiva aos fluxos de comércio, sobretudo em regiões de maior dinamismo, mas sem abdicar de acordos regionais construídos ao longo do tempo. “Buscar uma postura mais pragmática, focada em resultados, é muito importante”.
Para o ministro, se o Brasil quer ter uma inserção mais efetiva no comércio internacional e ganhar competitividade, é preciso compreender a importância de um setor de serviços eficiente e moderno, que serve de insumo em muitas cadeias, inclusive de produtos manufaturados. Ele disse ainda que o plano de exportação a ser lançado contempla medidas de facilitação do comércio.
“Precisamos tornar o Brasil uma economia mais aberta, mais integrada, porque ainda somos muito fechados, sob qualquer critério de avaliação. E isso implica em termos maior capacidade de entender as transformações que estão ocorrendo no ambiente externo e aproveitar oportunidades que se colocam lá fora”, defendeu Monteiro. “Quem exporta é competitivo na essência, porque a exportação é o grande escrutínio da competitividade”, acrescentou.
Pilares do plano
Monteiro afirmou também que um dos pilares do plano nacional de exportações que será lançado é a questão do financiamento, além dos sistemas de seguros e das garantias.
“Na visão do MDIC, temos de fortalecer instrumentos existentes, sobretudo alguns que foram muito importantes para o Brasil ganhar protagonismo em alguns mercados, em algumas áreas”, afirmou. Segundo ele, alguns segmentos, como o de serviços de engenharia, não podem prescindir de uma estrutura adequada de financiamento, com mecanismos indispensáveis, como por exemplo o Proex Equalização, no qual o governo assume parte dos encargos financeiros, tornando-os equivalentes àqueles praticados no mercado internacional. “Precisamos ampliar e fortalecer mecanismos de seguro e garantia para exportações”, afirmou.
Segundo ele, o apoio do governo não é um “prêmio” para as empresas e ajuda a economia do País. Monteiro argumentou que foi graças a esse apoio que o Brasil conseguiu construir plataformas importantes nas exportações de serviços, como por exemplo na América Latina, onde tem quase 20% do mercado, apesar de concorrer com grandes empresas espanholas, chinesas e de outros países. “Isso não se faz sem uma estreita aliança entre os setores empresarial e público, com instrumentos que propiciem condições minimamente equiparáveis ao oferecido no mercado internacional”.
Monteiro comentou ainda que, apesar da atuação do BNDES, o Brasil carece muito de um Eximbank ou uma agência especializada no crédito voltado para a exportação. Ele disse ainda que seria preciso ampliar o atual sistema de seguros para o setor exportador, sem colocar em risco as regras atuais.