Desesperados com a falta de apoio por parte da prefeitura, moradores da comunidade São Rafael, no bairro de mesmo nome, que devem ser retirados de suas casas no próximo mês, estiveram na manhã desta quarta-feira (22) no Paço Municipal para pedir que a administração pública dê uma solução para o problema.
A comunidade está localizada em uma área de risco, onde já aconteceram duas reintegrações de posse e agora passará pela última etapa. Em abril, representantes da Secretaria de Assistência Social estiveram na comunidade por meio da Associação Ame São Rafael, quando tiveram acesso ao cadastro de dados dos moradores do local. O documento seria usado para solicitar verba do governo federal com o intuito de conseguir benefícios para as famílias desabrigadas.
O processo não evoluiu e os moradores continuam sem saber para onde ir. Os manifestantes contaram que funcionários de uma empresa terceirizada, que está realizando o serviço de retirada dos entulhos e objetos das famílias, teriam comunicado que a reintegração deve acontecer entre os dias 2 e 3 de julho.
Cerca de 100 famílias permanecem no local, Alguns tentaram sair, mas retornaram por não ter condições de pagar o aluguel e arcar com as despesas. A aposentada Maria de Fátima Paulo Ferreira, de 61 anos, contou que gasta R$750 para se manter na casa em que alugou. “Eu recebo um salário mínimo, meu filho está desempregado, a situação está muito difícil”.
O diretor social da AME, Jurandir Oliveira Santos, disse que procura o gabinete do prefeito ao menos duas vezes por semana, mas nunca conseguiu ser atendido, apesar das diversas vezes em que conseguiu marcar horário.
Na manhã desta quarta-feira (22), assim que desceram do ônibus, os guardas civis municipais correram para os portões e trancaram as entradas com cadeado. “Nós nos sentimos humilhados, não somos diferentes de ninguém. Este local é público, se o prefeito está ai dentro é porque o povo votou nele e é assim que somos recebidos?”, desabafou Santos.
Depois de cerca de duas horas de espera, a advogada dos moradores conseguiu uma autorização para que os portões fossem abertos e os moradores pudessem entrar. Foi realizada uma reunião com secretarias de Assuntos Jurídicos, Assistência Social, representantes do prefeito e moradores.
Segundo Santos, a prefeitura deixou claro que não tem responsabilidade e orientou a comissão a procurar o Ministério Público. Os representantes da prefeitura teriam afirmado ainda que, após a reintegração, os moradores não ficarão desamparados. As pessoas que puderem ir para casa de amigos e parentes terão apoio para se locomover e aqueles que não tiverem para onde ir serão levados para abrigos provisórios.
A associação não confirmou mais manifestações para os próximos dias. As famílias devem esperar pela reintegração de posse, que ainda não tem data definida.