Variedades

Mostra de Cinema: mostra Brasil

No oceano de filmes da Mostra de 2017, há um mar à parte a ser desbravado – o dos filmes nacionais. São 64 longas-metragens, o que, em si, já é boa notícia, pois revela produção estável e viva, mesmo em tempo de crise.
Numa primeira olhada, destaca-se um número: 19 deles são assinados por mulheres, prova da presença feminina cada vez maior na direção, outra boa notícia. Alguns desses filmes já tiveram início de carreira em festivais brasileiros, ou no exterior, e foram muito bem recebidos, o que cria expectativa favorável.

A título de exemplos, podemos citar Gabriel e a Montanha, de Fellipe Barbosa, premiado na Semana da Crítica em Cannes; As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra, prêmio especial do júri em Locarno, e Pela Janela, de Caroline Leone, prêmio da crítica internacional em Roterdã.
São três ótimos filmes, com temas e linguagens cinematográficas muito diferentes entre eles, prova da vitalidade do cinema de autor brasileiro.

Entre tantos destaques, convém ficar de olho em Arábia, de
Affonso Uchôa e João Dumans, vencedor do há pouco encerrado
Festival de Brasília. É um raro filme de ficção sobre a condição proletária, em que a questão social mescla-se a beleza e poesia.

Entre as atrações nacionais, há muitos documentários, gênero que cresceu de maneira exponencial nos últimos anos. Callado, de Emília Silveira, tem como personagem o escritor de romances como “Quarup”, “Bar Don Juan” e “Reflexos do Baile”. Henfil, de Angela Zoé, resgata a figura do genial cartunista que usava sua pena para desafiar a ditadura. Todos os Paulos do Mundo, de Rodrigo de Oliveira e Gustavo Ribeiro, homenageia a carreira do ator Paulo José, uma (rara) figura da luz em tempo de trevas. Variedade é o que não falta à produção nacional. Nem qualidade, como se verá.

Arábia: Frei Caneca.
Sexta (20), 21h; 5ª (26), 17h40.
Reserva Cultural. Sáb. (21), 15h50.

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