Na língua japonesa, a palavra "tsutsumu" significa "embrulhar", "empacotar". Seu ideograma simboliza uma criança no ventre da mãe, o que transmite a ideia de proteção de algo precioso. Essa e outras curiosidades são apresentadas ao público em Embalagens: Designs Contemporâneos do Japão, nova exposição que ocupa a Japan House até 14 de março.
Uma vez que o ato de presentear faz parte do código de etiqueta da cultura japonesa, como um sinal de respeito, as embalagens desempenham um papel fundamental para esse gesto social, sendo parte agregadora do objeto ofertado. O mesmo ocorre com as embalagens dos produtos do dia a dia dos japoneses, em que cada detalhe, aliado à sustentabilidade e às tradições do país, ampliam a experiência de consumo.
É esse rico universo, portanto, que pauta a mostra inédita no espaço cultural da Avenida Paulista. Em uma parceria com a Japan Package Design Association, são expostos itens premiados e finalistas da última edição da Japan Package Design Awards, tradicional premiação promovida desde 1985, em que estética, usabilidade e potencial mercadológico são palavras-chave.
"O público poderá sentir que está passeando pelo Japão, não só no sentido da experiência estética, mas da percepção de hábitos de consumo e tradições culturais que fazem parte do dia a dia deles. A partir dessa observação, é possível ter uma visão do que é a sociedade japonesa hoje", diz a curadora Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House.
<b>Seleção</b>
A exposição apresenta, por exemplo, itens cotidianos como chicletes envoltos em papéis de dobradura para origami, uma caixinha colorida de biscoito, que lembra um embrulho de presente e cuja dimensão a faz caber perfeitamente nas mãos, assim como embalagens de arroz resultantes de um projeto com famílias agricultoras da cidade de Wajima, com cada uma delas ilustrando um elemento da cultura local.
São expostas ainda uma caixa destinada a trutas com ovas, com invólucros em forma de ondas que se encaixam, e também uma embalagem requintada para presentear alguém com cerejas de alta qualidade, produzidas na província de Aomori, remetendo a um estojo de joias.
Há outros itens curiosos, como caixinhas destinadas a um carvão artesanal para pintura, conhecido como Narasumi, que traz a forma das máscaras usadas no teatro Gigaku. A embalagem criada para o produto é decorada com ilustrações inspiradas nos tecidos de um templo de Nara, cidade em que o carvão é produzido, e com um brilho que reproduz o de uma técnica específica da região.
Cosméticos e produtos de higiene também ganham destaque na mostra. Latinhas de um pó compacto, por exemplo, remetem à experiência de visitar uma galeria de arte, com peças limitadas e exclusivas, trazendo ilustrações de grandes criadores da atualidade. Já a embalagem de um sabonete para as mãos, de fácil manuseio para as crianças, produz uma espuma em formato de flor.
Segundo Natasha, com produtos como esses, a mostra evidencia a importância do design não apenas ligado a coisas "grandiosas", como eletrodomésticos e mobiliário, mas também a detalhes que têm o poder de "agregar valor ao produto, atrair o consumidor e tornar o seu dia mais feliz."
Ações paralelas. A quem se sentir instigado pelo tema, estão programadas atividades online complementares à exposição. No sábado, 23 de janeiro, por exemplo, será divulgado um vídeo com lições sobre como fazer uma caixinha de papel utilizando a técnica do origami.
As transformações de métodos tradicionais na criação de algumas embalagens do país ganham destaque em dois encontros, marcados para 22 e 29 de janeiro, às 17h. Já no dia 26, às 16h, haverá uma conversa dedicada à cultura do presentear no Japão.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>